*Por Joy de Utinga
Seis meses de um novo mundo, devastado pela primeira pandemia do Século XXI ainda não são suficientes para aplacar a ignorância, a brutalidade e as vaidades humanas. Milhões já morreram, mundo afora, milhares, só aqui no Brasil, mas ao invés de nos unirmos solidariamente no enfrentamento da virulenta e traiçoeira covid-19, seguimos aprofundando divergências, rancores e ideologias.
Exatamente no País Campeão de mortes, EUA, eclodem manifestações gigantescas e intermináveis – embora inoportunas face à necessidade de distanciamento – mas legítimas diante da crueldade do apartheid racial. Cá, entre nós, não bastassem os mesmos males em função da cor da pele, mergulhamos em infindáveis protestos prós e contra ditaduras, há pouco impensáveis.
Agora, quando a doença chega efetivamente aos pobres brasileiros, as metrópoles e megalópoles aceleram a reabertura, atropelam a ciência, contrariam a lógica, invertem a estatística e promovem as mortes.
Brasil dividido, autoridades conflitantes, poderes desarmônicos, sociedade rachada que culminam neste perverso campeonato macabro, onde Americanos lideram e nós, os idolatrando por um governo submisso e desinteligente, disputamos e, ao que parece, já ganhamos o abominável vice-campeonato. Agora, cada um por si, Deus, extremamente ocupado por todos nós, e vamos, lamentavelmente, contar aos milhares os nossos mortos!
Colhendo o que plantamos!!!
*Joy de Utinga é natural do povoado de Amparo (Zuca), que é dividido entre os municípios de Ruy Barbosa e Boa Vista do Tupim. Ele é casado, técnico em contabilidade, graduado em Administração, ex-servidor concursado do Ministério da Saúde e Baneb, aposentado pelo Banco do Brasil e prefeito de Utinga.