Nada melhor que ouvir uma história de forma descontraída e conectada com o presente. Foi o que fez o baiano Ivan Mesquita, de 30 anos, ao contar a história encorajadora de personagens como Maria Quitéria e Maria Felipa, que marcaram a Independência do Brasil, na Bahia, comemorada na última quinta-feira (2).
Estudante de Engenharia Civil, Ivan é natural de Canavieiras, município do extremo sul da Bahia, mas morador de Salvador e ficou conhecido nas redes sociais após fazer vídeos de receitas, surfe e comédia. Em entrevista ao portal G1, ele conta um pouco de sua história e como ocorreu o ‘insight’ para contar de forma bem dinâmica e divertida um marco histórico da Bahia.
“Contador de histórias, me intitulei poeta, cordelista. Então, eu trabalho de motorista por aplicativo e quando começou a quarentena, eu parei de trabalhar e estava sem ter muito o que fazer. Antigamente eu gravava uns vídeos mudos, deixava em câmera rápida e não falava nada. Aos poucos me deu uma ‘cara de pau’ de começar a falar nos vídeos e mudar um pouco o meu jeito de abordar”, disse o contador.
Bem diferente do livro de história, a trajetória de Maria Quitéria é contada de forma encorajadora, com uso de gírias baianas do dia-a-dia e referências de personalidades e tecnologias atuais – como Edson Gomes,’ Whatsapp’ e ‘Direct do Instagram’. Ele comemora a vitória dos baianos contra os portugueses ao som de ‘Bora Bahia’ e a música ‘Triste, louca ou Má’, da banda ‘Francisco, El Hombre’ dão um tom do poder feminino na conquista da independência.
Veja aqui o vídeo
“Essa música foi uma música muito importante para mim. A gente tem um machismo impregnado, infelizmente, e essa música abriu muito a minha mente. Sobre o Campo Grande [bairro no centro de Salvador], eu não botei aleatório, eu pesquisei onde foi. Aí eu pensei: A Bahia está lá comemorando e qual é o grito de guerra da Bahia? É o Bora Bahia”, explicou Ivan ao portal G1.
Ivan revela que, “quando chegou agora no dia da Independência [do Brasil, na Bahia], eu pensei em fazer sobre Maria Quitéria para valorizar mais a figura feminina e eu estou com a meta de fazer mais dois [vídeos] ou três. Vou fazer um de Maria Felipa e talvez um de Joana Angélica”. A ideia fez tanto sucesso que Ivan já conquistou mais de 27 mil seguidores. Segundo Mesquita, a primeira mulher a fazer parte do Exército Brasileiro abriu a porta para homenagens a outras personagens mulheres, que devem ser homenageadas nas próximas semanas.
Para a estudante do nível fundamental, Giuliana Duarte, 13 anos, é divertido e prende do início até o fim, a forma que Ivan Mesquita conta a história. “É engraçado, e ao mesmo tempo nos prende por estar contando através da linguagem que a gente entende e com coisas que mais utilizamos no nosso dia-a-dia, por exemplo, a hashtag ‘#Vamospraluta’. Fora que podemos encontrar uma história real de uma mulher, fora dos perfis de princesas, que lutou por uma causa. Queria que todas as aulas de história fossem assim”, conta Giuliana ao Jornal da Chapada.
A repercussão do vídeo deixou o contador e poeta Ivan Mesquita surpreendido. Ao G1, ele contou que, além dos elogios dos seguidores, recebeu comentários positivos de professores, juízes, grupo de militares e até de artistas. “Está tudo muito novo para mim, eu estou muito focado na minha produção, eu tenho vários vídeos para produzir e minha meta hoje é deixar de trabalhar de motorista por aplicativo e viver fazendo meus vídeos, que é uma coisa que eu me apaixonei e que eu pretendo viver disso”, concluiu.
Jornal da Chapada