Desde o início da pandemia do coronavírus, os brasileiros são bombardeados diariamente, sobretudo pelas redes sociais, com notícias sobre remédios milagrosos que estariam curando ou prevenindo contra a covid-19. Um dos grandes perigos é que diversos grupos estão espalhando muitas fake news sobre a temática, com objetivo de confundir a população ou criar atritos políticos, se aproveitando da boa fé, do desespero e medo das pessoas, até mesmo para lucrar financeiramente.
Três dessas substâncias são mais recorrentes nas conversas sobre o assunto: cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina. Vamos esclarecer o que já se sabe cientificamente sobre cada um deles e o posicionamento da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Vale destacar que há uma evolução muito grande nos modos de tratamento, visto que é uma doença nova e toda a comunidade médica e científica aprende diariamente.
Os médicos especialistas procuram organizar protocolos de tratamento para não prejudicar os pacientes com remédios experimentais. O Instituto Couto Maia, por exemplo, que é um dos principais hospitais na Bahia no atendimento a pacientes graves com diagnóstico de Covid-19, possui protocolo clínico disponível no site www.institocoutomaia.com.br e não utiliza cloroquina, hidroxicloroquina ou ivermectina no tratamento.
– Cloroquina, hidroxicloroquina, e Azitromicina
No último dia 10 de julho, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou não indicar o uso da cloroquina em pacientes de coronavírus porque não foi demonstrado um benefício claro ou mudança positiva. A OMS reforçou que o medicamento só deve ser usado sob orientação e acompanhamento médico.
O Ministério da Saúde, do Governo Federal, por sua vez, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o protocolo sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina não obriga médicos e pacientes a adotarem o tratamento. Em maio, protocolo do Ministério da Saúde havia liberado o uso do medicamento também em casos leves da Covid-19.
Desde abril, o Governo do Estado disponibilizou, mediante prescrição médica, o uso associado ou não dos medicamentos hidroxicloroquina e azitromicina para pacientes internados no SUS com diagnóstico positivo para Covid-19. Para que todos os municípios possam fazer uso, os medicamentos foram descentralizados para os núcleos regionais. Apenas disponibilizamos para que os médicos possam, sob sua responsabilidade profissional, prescrever em ambiente hospitalar. Nessas condições, a medicação continua disponível para uso médico.
É importante ressaltar que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) não está recomendando. O medicamento está à disposição para que os médicos possam prescrever na rede pública. No dia 13 de julho, o Secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, criticou a distribuição do que vem sendo chamado de “kit covid” por algumas prefeituras da Bahia, com medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina.
O secretário destacou que não existe comprovação científica da eficácia desses medicamentos no combate ao coronavírus. Ele alertou que, ao contrário do que alguns tem difundido, existem evidências de que os remédios podem fazer mal à saúde. Fábio Vilas-Boas ainda lembrou que essas medicações são controladas e só devem ser liberadas com receita.
– Ivermectina
No dia 10 de julho de 2020, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), vinculada ao Ministério da Saúde, do Governo Federal, emitiu nota de esclarecimento sobre a ivermectina. A Anvisa esclareceu que não existem estudos conclusivos que comprovem o uso desse medicamento para o tratamento da Covid-19, bem como não existem estudos que refutem esse uso.
Até o momento, não existem medicamentos aprovados para prevenção ou tratamento da Covid-19 no Brasil.
Nesse sentido, as indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula. Conforme está escrito na bula da medicação, a ivermectina é indicada para o tratamento de várias condições causadas por vermes e parasitas, como sarna, piolho, lombriga e elefantíase.
Cabe ressaltar que o uso do medicamento para indicações não previstas na bula é de escolha e responsabilidade do médico prescritor. Por isso, apenas o médico, observado o quadro clínico do paciente, receita quem deve tomar a ivermectina, quem não deve, quem deve ficar em casa e quem deve ser hospitalizado e tratado o mais precocemente possível. As informações são de assessoria.