Uma grande explosão hoje em Beirute, capital do Líbano, causou pânico e destruição na região portuária. Uma gigantesca coluna de fumaça pôde ser vista de toda a cidade, relataram testemunhas e a mídia local. Vitrines de lojas de diversos bairros estouraram e carros foram abandonados nas ruas sem os vidros e com o airbag acionado. Muitas casas perderam suas sacadas. O impacto foi sentido até no Chipre, a mais de 200 km da costa libanesa. Pelo menos 78 pessoas morreram, informou o ministro da Saúde, Hamad Hassan, e cerca de 4 mil feridos estão sendo encaminhados para hospitais da cidade.
O balanço, contudo, ainda é provisório e os números sofrem atualização em tempo real. Segundo a Cruz Vermelha, 60 feridos estão em situação crítica. Segundo as autoridades, devem crescer à medida que avançam os esforços. Hassan confirmou à imprensa local que a expectativa é que o real impacto será maior do que o relatado até o momento. Em comunicado, a embaixada dos Estados Unidos na cidade pediu que as pessoas usem máscaras e fiquem em casa após “relatos de gases tóxicos” liberados. O primeiro-ministro Hassan Diab declarou em rede nacional que o armazém vem recebendo avisos sobre seu perigo desde 2014. “Eu prometo a você que essa catástrofe não passará sem responsabilidade. As pessoas responsáveis pagarão o preço”, afirmou.
Um comitê de investigação terá cinco dias para identificar os responsáveis pela explosão. A iniciativa foi tomada após reunião do Conselho de Alta Defesa, que contou com o primeiro-ministro e o presidente Michel Aoun. Diab decretou um dia de luto nacional. De acordo com a Reuters, um estado de emergência deve ser declarado em Beirute nas próximas duas semanas. Beirute, a capital do Líbano, tem cerca de 360 mil habitantes e fica no litoral do mar Mediterrâneo. O país, por sua vez, faz fronteira com Israel (ao sul) e com a Síria (ao leste e ao norte).
Material explosivo
A princípio, emissoras locais informaram que na região do porto ficavam armazéns de fogos de artifício. Contudo, a cúpula de segurança geral do Líbano afirmou que a explosão foi causada por chamas em um armazém onde material altamente explosivo estava armazenado — inclusive nitrato de sódio, substância usada para a fabricação de explosivos e fertilizantes. O material havia sido confiscado de um navio.
“Parece que há um armazém contendo materiais confiscados há anos, e parece que eram materiais muito explosivos”, disse o diretor geral da Segurança Geral, Abbas Ibrahim, questionado por jornalistas na área. “Os serviços responsáveis estão realizando a investigação, e dirão qual é a natureza do incidente”, acrescentou. De acordo com Ibrahim, 2,7 toneladas do composto estavam no porto a caminho da África quando houve a explosão.
Uma brasileira ferida
Uma fragata brasileira não foi atingida por questão de minutos. Apesar de nenhum militar brasileiro ter ficado ferido, há informações de que a esposa do adido brasileiro estava próxima ao local e foi atingida por estilhaços, informa a colunista do UOL, Carla Araújo. Segundo o Itamaraty, não há relatos de brasileiros mortos ou gravemente feridos na região.
Mesmo distante do porto, a embaixada do Brasil em Beirute foi danificada pela explosão na capital libanesa e pelo menos a residência de um dos diplomatas está inabitável depois dos acontecimentos. Segundo o colunista Jamil Chade, nenhum funcionário teria sido ferido e, pelo menos por enquanto, não existem relatos de brasileiros em condições críticas. Ao UOL, Zilda Naves, 64, que vive em Beirute há 30 anos, afirmou que “foi como se fosse a bomba de Hiroshima”: “Parecia o fim do mundo”, definiu a paulista que apresenta fortes tosses após o ocorrido.
“Bola de fogo”
Duas fontes de segurança disseram à Reuters que a explosão ocorreu na área portuária que contém armazéns. A explosão abalou várias áreas da capital, quebrando janelas e portas e danificando veículos. Segundo a emissora local LBC, o ministro da Saúde, Hamad Hassan, disse que havia um “número muito alto” de feridos e uma grande quantidade de danos.
“Vi uma bola de fogo e fumaça subindo sobre Beirute. Pessoas estavam gritando e correndo, sangrando. Sacadas foram arrancadas de edifícios. O vidro dos prédios se partiu e caiu nas ruas”, disse uma testemunha da explosão. Outra testemunha disse à agência de notícias que viu uma fumaça cinza pesada perto da área do porto e depois ouviu uma explosão e viu chamas de fogo e fumaça preta. “Todas as janelas do centro da cidade estão quebradas e há feridos andando por aí. É um caos total”.
“Uma aluna comentou que estava sentindo o prédio tremer e começou a gritar, dizendo que havia alguém batendo na porta, tentando empurrar. Quando sai à porta, vi tudo branco”, disse à CNN a professora de ginástica Yasmin Mussalam Al Masri.
Em entrevista à Globonews, o contra-almirante Sergio Renato Berna Salgueirinho, responsável pela embarcação, informou que os militares perceberam a explosão enquanto faziam a patrulha nos arredores do porto da capital libanesa. “Percebemos uma onda de choque, seguida de um ruído bastante forte. Quando a gente avistou, já havia uma coluna de fumaça de cor rosada. Foi quando a gente percebeu que havia acontecido algo grave”.
Nas redes sociais, vários vídeos registram a explosão em ângulos diferentes e as cenas de pavor nas ruas após o incidente. Em entrevista à BBC, Hadi Nasrallah, testemunha da explosão, disse que a cena foi “muito assustadora” e que o barulho foi “muito alto”. As informações são do portal UOL.