A partir do próximo dia 24, Salvador poderá ser vista representada em uma grande maquete exposta até o dia 18 de setembro, na Associação Comercial da Bahia (ACB), no Comércio. A visitação gratuita é destinada, neste momento, a estudantes e pesquisadores das áreas de urbanismo, patrimônio e similares, e poderá ser feita através de agendamento por meio do site, para evitar aglomerações neste período de enfrentamento à pandemia.
Nesta quinta (20), o prefeito ACM Neto (DEM) esteve no local, onde anunciou o início do processo de tombamento da maquete, por indicação do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB) e a cargo do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, ligado à Fundação Gregório de Mattos (FGM).
“Quando chegamos à Prefeitura, essa maquete, que é conhecida por poucas pessoas, estava abandonada e desmontada em um porão de secretaria. Pois nós fizemos a atualização e agora iniciamos o processo de tombamento, que, não tenho dúvidas, vai se concretizar, devido à magnitude e impressão visual que ela causa a todos. Também vamos definir, após esse período de pandemia, um local onde ela poderá ser exposta de forma permanente. Isso reafirma o compromisso da gestão, desde 2013, de valorizar o patrimônio histórico de Salvador”, disse o chefe do Executivo municipal.
Representação tridimensional da capital baiana na escala de 1/2000, a Maquete de Salvador começou a ser elaborada na década de 1970 pelo arquiteto Francisco de Assis Couto Reis. Dentre as peculiaridades estão a representação descritiva da cidade, incluindo a singularidade da topografia, a técnica de representação utilizada na confecção do modelo, com a economia de materiais e meios para a produção, e a constante atualização da peça.
“Queremos que a maquete fique exposta o ano inteiro para soteropolitanos e visitantes. A população precisa conhecer esse patrimônio da cidade”, disse o presidente da FGM, Fernando Guerreiro. “Tanto as pessoas da cidade quanto os visitantes vão poder ter um instrumento para entender a evolução e os pontos turísticos de Salvador”, completou Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), órgão municipal que preservou e atualizou a maquete.
O presidente da Associação Comercial da Bahia, Mário Dantas, disse que a maquete ficará nas dependências da entidade por dois meses. “Para nós é um orgulho receber a maquete nesse prédio de 209 anos, histórico para Salvador, o que será fundamental para o processo de tombamento da peça. Isso mostra a força que a associação tem na cidade e a parceria da Prefeitura com a iniciativa privada”.
Método artesanal
A curiosidade sobre a peça surge em meio aos sofisticados modelos digitais de hoje, que até mesmo podem ser materializados por meio de impressoras 3D. Isso porque esta representação tridimensional da terceira maior cidade brasileira tem solução absolutamente artesanal e que observa, desde o início de sua produção, os mesmos parâmetros conceituais em termos de especificações, tecnologia e resultado plástico.
É nesse contexto que a Maquete de Salvador é considerada um documento vivo não só da cidade que se quer representar, mas, também, das técnicas de representação que persistiram como únicas ao longo de muito tempo e que agora se confrontam com novas formas e leituras possibilitadas pelas mais recentes tecnologias.
Para o presidente do IGHB, Eduardo Morais de Castro, a solicitação do tombamento da Maquete de Salvador está sendo feita por se tratar de um documento de registro atual da cidade em escala reduzida e de uma técnica artesanal de produção de maquetes.
“Certamente, será uma oportunidade para que toda a população conheça nossa cidade, que hoje conta com quase três milhões de habitantes. Será um registro onde muitas histórias deverão ser contadas a partir dela. Devemos lembrar que não se trata da maquete de um município qualquer, mas, sim, da primeira capital do Brasil, idealizada sobre o princípio do planejamento urbano português do século XVI e pensada para ser a cabeça do estado do Brasil, ou seja, a cidade que deveria comandar todo o processo civilizatório da colônia portuguesa nas Américas”, ressaltou Castro.
Dimensões
Na maquete está representada toda a porção continental do município, na qual está localizada a cidade de Salvador. No formato atual de 100,5m², o modelo é constituído por 97 módulos nas dimensões de 1m x 1m e por mais sete módulos nas dimensões de 1m x 0,5m, compondo um mosaico de 104 módulos na dimensão de 13 x 13,5 metros. Na escala real, a representação do modelo abrange um território de 402 km², dos quais 279 Km² correspondem à representação integral dos bairros de Salvador.
Autor
Sergipano de nascimento e com parte da infância e adolescência vivida em Parnaíba (PI), Francisco de Assis Couto dos Reis foi professor, arquiteto e urbanista, graduado pela Faculdade de Arquitetura da então Universidade da Bahia (atual Ufba), em 1957.
Foi autor de marcantes projetos edificados principalmente em Salvador, a exemplo da sede da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em 1977. Em 2008, recebeu o Colar de Ouro, maior comenda outorgada pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), pelo conjunto da obra. Faleceu na capital baiana em 25 de abril de 2011. As informações são de assessoria.