Onze servidores do gabinete do vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos), investigados como supostos funcionários fantasmas receberam, desde 2001, R$7 milhões em salários. A informação foi divulgada no dia 3 de setembro pela GloboNews. O valor, que não foi corrigido pela inflação, aparece em um documento da investigação sobre Carlos, em andamento no Ministério Público do Rio (MP-RJ), que trata da suposta prática de peculato, crime que ocorre quando um funcionário público desvia verbas para uso próprio.
O servidor Guilherme Hudson recebeu quase R$1,5 milhão em 10 anos. Segundo a investigação, ele dirigia todos os dias até outra cidade para levar a mulher para estudar, em um percurso que totalizava cinco horas. O MP-RJ apura em que momento ele atuava para Carlos. A mulher do funcionário, Ananda Hudson, também trabalhou no gabinete e recebeu R$ 117 mil em um ano e cinco meses.
Em depoimento, ele disse que era assessor jurídico e fazia análise da constitucionalidade de projetos de lei apresentados. Ele afirmou também ter trocado poucos e-mails com Carlos e que não guardou documentos da época em que esteve vinculado ao gabinete. Hudson assumiu a chefia de gabinete depois da saída de Ana Cristina Siqueira Valle, sua prima e ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Ana Cristina, por sua vez, recebeu R$ 670 mil em salários.
Em junho do ano passado, a revista Época revelou a história de Guilherme Hudson, ex-chefe de gabinete de Carlos que vivia em Resende. Depois, em agosto, a revista publicou levantamento que mostrou que assessores de 32 famílias, com grau de parentesco entre si, receberam R$ 65 milhões em salários nos gabinetes da família Bolsonaro desde 1991. As quantias foram obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação e corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
A família de Bolsonaro foi a que recebeu o maior valor em salários. Ao todo, 22 parentes das duas primeiras mulheres do presidente tiveram cargos comissionados em seu mandato ou no dos filhos. O advogado Jefferson Gomes, que defende Guilherme e Ananda Hudson, disse que seus clientes jamais cometeram qualquer ato ilícito. Para a GloboNews, a defesa de Carlos disse que não comentaria o assunto porque a investigação está sob sigilo. No Twitter, Carlos afirmou que há uma “narrativa para induzir ao erro” com o objetivo de atingir o presidente Jair Bolsonaro. As informações são do jornal O Globo.