Uma importante área de estudo, manutenção e conservação da Mata Atlântica na capital baiana está de cara nova e novamente disponível à visitação do público. O prefeito ACM Neto (DEM) inaugurou, na última quinta-feira (12), a requalificação do Jardim Botânico de Salvador, situado no bairro de São Marcos. O local passou por obras realizadas pela prefeitura, concluídas em um ano, com investimento de R$9,6 milhões, proveniente de financiamento feito com o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), por meio do Programa de Requalificação Urbana de Salvador (Proquali) e recursos próprios.
A cerimônia de inauguração, voltada para a imprensa, contou ainda com a presença da presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), Tânia Scofield, do titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra), Luciano Sandes, e do secretário de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), João Resch. Durante a entrega, o prefeito ressaltou que a requalificação do Jardim Botânico é uma das ações concretas que fazem parte dos planos de Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas em Salvador e de Resiliência.
“Nós temos ações concretas nessa área de mudanças climáticas, e essa daqui é uma delas. E eu aproveito para fazer um convite à população para vir aqui conhecer o novo Jardim Botânico da cidade, esse grande patrimônio que estava abandonado, esquecido e que nós recuperamos”, disse. O prefeito lembrou também que a área, situada no miolo da cidade, tem uma beleza natural muito impactante, mas estava abandonada.
“Essa é uma área muito adensada que felizmente conseguiu preservar um pedaço de Mata Atlântica que nos traz vida, riqueza e beleza, mas que estava abandonada. Agora, esse é um espaço de estudo e de pesquisa, portanto, um espaço fértil para a educação, servindo desde às crianças até os acadêmicos e universitários. Por outro lado, essa é mais uma área pública voltada para o cidadão, assim como os outros parques, a nova orla e os novos campos e praças”.
O projeto de requalificação do Jardim Botânico foi elaborado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) e as obras coordenadas pela Seinfra. Todas as intervenções do projeto tiveram como objetivo a ampliação da estrutura física atual e, em especial, a proteção do herbário existente no local, que é administrado pela Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis).
Com valor ambiental inestimável para o município, o espaço tem cerca de 61 mil espécies vegetais em 160 mil metros quadrados de área. O Jardim Botânico já entra em funcionamento esta semana, sempre de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Para evitar aglomerações devido à pandemia de covid-19, não serão agendadas visitas com turmas ou grupos escolares.
“As pessoas podem consultar as espécies aqui, não só da Mata Atlântica, mas também do Cerrado e Caatinga. Isso aqui eu digo que é um laboratório vivo. Esse fragmento de mata está aqui desde o início da nossa história, então só vem se recompondo, e é uma área que recebe muitos estudantes para a realização de pesquisas. Nós temos um viveiro de mudas, vamos ter um museu e conseguimos implementar um meliponário de abelhas da espécie Uruçu, que não têm ferrão e estão na lista vermelha de extinção”, contou o secretário João Resch.
No local também estão em exposição para entrega aos visitantes algumas mudas de espécies nativas frutíferas, utilizadas na culinária e medicinais, a exemplo do Cajueiro, árvore de Aroeira, Pitanga e Urucum.
Estrutura
A primeira mudança já é percebida na guarita de acesso, que possui fachada vegetal, além da pavimentação asfáltica e novos postes de iluminação em LED no acesso e criação da área de estacionamento. Com área total construída de 2,2 mil m², o prédio principal possui quatro pavimentos.
No subsolo, são encontrados vestiários, copa, depósito, estufa, sala de ar condicionado e sanitários. No andar térreo está o auditório com capacidade para 47 pessoas, conectado com o foyer e o espaço semicoberto para atividades diversas com arquibancada. O espaço digital, com expositivos voltados à educação ambiental, além de hall de exposições e sanitários, também fazem parte deste andar.
O primeiro pavimento tem área vegetal descoberta de onde é possível avistar a copa das árvores, ou seja, a parte aérea da vegetação local. Também estão no primeiro andar o setor de programas e pesquisas, laboratórios, setor de coleções vivas, setor de acervo científico, salas administrativas, sala de curadoria, herbário, espaço de reuniões, copa/café e sanitários. Por fim, a cobertura – vegetal – possui área calçada que permite o acesso e vista para a área externa.
A trilha elevada de 795m de extensão pela mata é delimitada por guias de concreto e, ao final, é encontrado um pavilhão revestido com madeira. A antiga caixa d’água foi recuperada e foi transformada em uma obra de arte, após intervenção do artista plástico Bel Borba. O viveiro de plantas também passou por intervenção e foi criado um pavilhão de observação da natureza e viveiro. O entorno ganhou paisagismo com grama e vegetação nativa da mata existente em mais de 4 mil m², recuperação de calçadas e paisagismo.
Etnobotânica
Por etnobotânica entende-se o estudo das relações das sociedades humanas com a flora local. No caso da Bahia, essas relações estão fortemente presentes. O Jardim Botânico de Salvador é uma das áreas da cidade que abrigam um espaço etnobotânico voltado à proteção e ao cultivo de espécies utilizadas em cultos afro-indígena-brasileiros, além de vegetais ameaçados de extinção.
Preservação
Com a requalificação, o Jardim Botânico será uma das referências de área verde preservada no Brasil. A estrutura está ao lado de outras revitalizadas pela Prefeitura, a exemplo do Parque da Cidade, no Itaigara, e o Parque da Lagoa dos Pássaros, no Stiep, além do Parque da Pedra de Xangô, em Cajazeiras – este com obras em andamento. Essas intervenções nos parques estão inseridas no Plano de Desenvolvimento Urbano de Salvador (PDDU) e fazem parte das políticas de preservação ao meio ambiente da cidade. As informações são de assessoria.