O casal Irineu Cruz e Jucicleide Silva, do município baiano de Conceição do Coité, buscam homenagear jogadores de futebol colocando os nomes dos seus filhos com a inicial “R”. O time que era composto por 14 filhos homens, ganhou uma menina – Raiane Maiara, que trouxe ainda mais motivo de alegria para os pais e irmãos. “Eu falei que se fosse menino, eu ia ser muito feliz. Quando fiz a ultrassom, que deu menina, aí fiquei mais feliz ainda, porque menino já tive 14 e com a vinda de uma menina minha felicidade completou”, disse a dona de casa Jucicleide, de 39 anos, ao G1.
O nascimento de Raiane rompeu também com o protocolo que acontecia sempre após a chegada de um novo integrante na família. Quem escolheu o nome do bebê, dessa vez, foi a mãe, visto que o casal tinha um acordo para que toda vez que tivesse um filho homem, o marido fosse responsável pela escolha do nome. “Raiane Maiara. Promessa tem que ser cumprida. Os homens eu que colocava [o nome] e menina era ela, então foi ela que escolheu. Ela botou com ‘R’ também para acompanhar o lote, que são todos com ‘R’ e graças a Deus ela escolheu com ‘R’. A alegria do Brasil e do mundo”, disse Irineu Cruz, conhecido como Chitão, que tem 44 anos.
Agora, Raiane se junta aos irmãos Ronaldo, Robson, Reinan, Rauan, Rubens, Rivaldo, Ruan, Ramon, Rincon, Riquelme, Ramires, Railson, Rafael e Rodrigo. Ou seja, um grande time de futebol, com direito a reservas. No entanto, o time se encerrou por aí. Jucicleide contou que optou por fazer, após o parto de Raiane, o processo de ligação das trompas, para não engravidar mais. “Cancelou mesmo a fábrica”, disse.
Dificuldades financeiras
O casal sempre se esforçou para que todos os filhos tivessem alimentação. A família vivia dos “bicos” que o pai conseguia para ganhar dinheiro e também do Bolsa Família que a esposa, que é dona de casa, recebe mensalmente. “Eu sei que aqui é luta, muita luta para a gente manter essas crianças com café da manhã, merenda, almoço e tudo mais. Sobre o colégio, eles estão estudando pelo celular. Se tiver com esse problema [pandemia], a gente já cancela as idas deles [para aulas presenciais], porque esse problema é gravíssimo e a gente não pode soltar os meninos para isso”, disse Irineu.
Com a pandemia de covid-19, as dificuldades aumentaram e Irineu começou a trabalhar com reciclagem e vender ossos de animais para pagar as contas. Além disso, o pai não deixa mais as crianças saírem de casa, para não contraírem o vírus. “A gente vem sofrendo um combate geral com essa pandemia da Covid-19. Presos, trancados, não sai ninguém”, afirmou. “Eu estou vivendo de catar papelão, ossos, ferro velho, na base da reciclagem. A gente está sobrevivendo disso aí agora”, contou.
Irineu e Jucicleide moram com 12 filhos e possuem três netos – duas meninas e um menino. Os três mais velhos já se casaram e possuem seu próprio lar. Com as dificuldades financeiras, eles também contam com a ajuda do casal de amigos, Rubinho e a esposa Maiara, além de açougueiros da região. Afinal, Irineu revelou que não recebeu nenhuma parcela de auxílio emergencial e não sabe o motivo de não ter sido beneficiado.
“O auxílio mesmo, eu não sei porque, a gente correu atrás, procuramos até um advogado e não sei porque a gente tem 15 filhos e não teve o auxílio. É brincadeira um negócio desses? Eu achei um absurdo, não sei que castigo foi esse que deram na gente”, lamentou. “Nós não recebemos nada. Só umas cestas básicas que chegaram do colégio, porque os meninos tiveram as aulas canceladas”, completou.
“Graças a Deus está tudo em ordem, é chamar por Deus agora, que ele dê vida e saúde para eu trabalhar, estar na luta para criar eles. Peço muita força e coragem para eu manter o trabalho e que nunca falte o pão de cada dia”, concluiu. Jornal da Chapada com informações do G1.