O prefeito de Mongaguá (SP), Márcio Melo Gomes (Republicanos), se emocionou durante uma transmissão na última terça-feira (30), ao vivo, enquanto estava respondendo críticas que sofre pela adoção de medidas restritivas na cidade do litoral paulista, visto que a Baixada Santista está em ‘lockdown’. Além disso, ele contou sobre o doloroso sentimento de perder o pai e o irmão para a covid-19, que morreram em menos de uma semana após a internação.
“Eu sou comerciante desde os nove anos de idade. O meu pai era comerciante e meu irmão era comerciante. E como eu queria hoje sair dessa ‘live’ e poder ouvir do meu pai e do meu irmão assim: ‘Eu quebrei, o meu comércio quebrou’. Porque nós já quebramos e, com a vida, conseguimos dar a volta por cima. Eu não vou ouvir deles isso mais. Porque, infelizmente, por essa doença, eles perderam a vida”, disse, chorando.
Em sua fala, o político pediu que as pessoas valorizem a vida – delas próprias e da de quem amam. “Não há nada mais precioso do que a vida de cada um de vocês, mas principalmente a vida de quem vocês amam”, continuou. As nove cidades da Baixada Santista adotaram medidas mais restritivas no último dia 23, para evitar a propagação do novo coronavírus na região. Além disso, também foram antecipados feriados na cidade de São Paulo, com o mesmo intuito.
Ele criticou os pedidos constantes pela reabertura do comércio, em meio a altos picos de covid-19 no Brasil. “Não existem mais vagas em hospitais, não estão vendo? Eu tinha quatro respiradores quando assumi e hoje temos 20, todos em uso. Não fiz isso para aparecer. Trocaria aquele momento para tê-los novamente do meu lado”, criticou.
O pai de Márcio Melo Gomes, Givaldo Alves Gomes, 64 anos, estava internado no Hospital Regional Jorge Rossmann, em Itanhaém, enquanto o irmão, Givaldo Melo Gomes Júnior, 33 anos, na Santa Casa de Misericórdia de Santos, em leito particular. Ambos faleceram em menos de uma semana internados. “As feridas não estão cicatrizadas, mas acredito numa missão espiritual de Deus nisso tudo”, afirmou.
Ele contou que precisou esconder do irmão, na UTI, o falecimento do pai na segunda-feira (22) anterior para que não trouxesse mais prejuízos a saúde. “Quando o meu pai faleceu havia um buraco dentro de nós. O meu irmão estava internado, mas consciente, e não queríamos prejudicá-lo emocionalmente. Vivemos um luto, mas sem poder pôr para fora. A perda do meu irmão foi muito difícil de assimilar”.
Além disso, em caso de recuperação, o político ressaltou que aceitou uma promessa, sugerida por um amigo pessoal e vereador da cidade, de caminhar a pé até Aparecida do Norte, mas lamenta não ter conseguido cumprir.
Jornal da Chapada