O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), foi alvo de busca na manhã desta quarta-feira (2) durante uma operação da Polícia Federal (PF) que investiga supostas irregularidades na construção do hospital de Campanha Nilton Lins, utilizado para o combate à covid-19 no estado.
O secretário de Saúde Marcellus Campêlo é um dos alvos de mandado de prisão, mas ele não foi encontrado em dois endereços nos quais foi procurado. Também foram detidos na operação Sérgio José Silva Chalub, Rafael Garcia da Silveira, Frank Andrey Gomes de Abreu, Carlos Henrique Alecrim John.
São cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e seis de prisão temporária em Manaus e Porto Alegre, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também autorizou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do governador e do secretário de Saúde.
Os agentes realizaram busca na casa do governador, na sede do governo do Amazonas, na Secretaria de Saúde, na casa do secretário de saúde e na casa do dono do Hospital Nilton Lins e no Hospital Nilton Lins. Na manhã desta quarta-feira (9), Wilson Lima enfrentou também o julgamento pela Corte Especial do STJ, de uma denúncia por supostas fraudes na compra de respiradores.
No ano passado, o governo comprou respiradores, sem licitação, de uma importadora de vinhos. O vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida, também responde à denúncia, junto com outras 16 pessoas. Além disso, Lima e Campelo, o secretário de Saúde, estão entre os convocados para depor na CPI da Covid do Senado.
Em 2020, o Governo do Amazonas assinou um contrato para alugar o Complexo Hospitalar Nilton Lins para utilizá-lo como hospital de campanha no enfrentamento à pandemia de covid-19, no valor de R$2,6 milhões. A Justiça chegou a impugnar o contrato em razão do preço.
As ações são parte da quarta fase da Operação Sangria, que investigam crimes como pertencimento a organização criminosa, fraude a licitação e desvio de recursos públicos.
Conforme as investigações, há indícios de que funcionários da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas realizaram contratação fraudulenta para favorecer um grupo de empresários locais para a construção de um hospital de campanha, sob orientação da cúpula do Governo do Estado.
Esse local não atende às necessidades básicas de assistência à população atingida pela pandemia de covid-19, segundo a PF, bem como coloca em risco de contaminação os pacientes e os funcionários da unidade.
Os contratos assinados em janeiro de 2021 com o Governo do Amazonas para serviços de conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem no hospital de campanha possuem indícios de irregularidades no processo licitatório, prática de sobrepreço e não prestação de serviços contratados.
Com isso, os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude à licitação, peculato e pertencimento a organização criminosa e, caso sejam condenados, poderão cumprir pena de até 24 anos de reclusão. Jornal da Chapada com informações de G1.