A editora Companhia das Letras colocou em pré-venda a aguardada biografia do ex-presidente Lula, que foi escrita pelo biógrafo e jornalista Fernando Morais, que é autor de clássicos, como ‘Chatô, o rei do Brasil’ e ‘Olga’.
A obra será dividida em dois volumes, sendo que o primeiro tem 416 páginas e será lançado oficialmente no dia 16 de novembro.
Por meio do seu blog, a editora Cia das Letras divulgou alguns trechos do livro, que reproduzimos abaixo:
“No trajeto entre São Bernardo e a Polícia Federal, Lula viu de perto, como talvez jamais tivesse visto antes, a dimensão do ódio que tinha sido instilado em parte da sociedade contra ele e seu partido. Alertados pelo noticiário transmitido ao vivo por redes de tv, de rádio e pela internet, grupos anti-Lula se postaram no caminho por onde passaria a ruidosa caravana para insultar e tentar agredir o ex-presidente. De cima dos viadutos da rodovia Anchieta, por onde o comboio seguia, lançavam rojões sobre os veículos e atiravam paus, pedras, garrafas vazias e o que tivessem nas mãos. Igualmente atingidos pelos manifestantes, logo atrás, grudados nas duas viaturas policiais, iam o Omega e o Focus da equipe de Lula. No primeiro deles, além de Moraes e um dos sargentos da segurança, iam Cristiano Zanin e Sigmaringa Seixas. Na condição de advogado da equipe de defesa de Lula, Sig conseguira que a Federal autorizasse seu embarque com Lula e Zanin no voo para Curitiba.
“Quando o aparelho, voando baixinho, se preparava para pousar no heliporto do teto da pf, Lula pôde observar, na rua, a cavalaria e o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Paraná reprimindo com violência os manifestantes que haviam se deslocado até o local para saudá-lo. Os lulistas tinham ficado encurralados de um lado pela pm e do outro por enfurecidos moradores de Santa Cândida, o bairro de classe média alta onde se situa a Superintendência da Federal. Da janela do helicóptero em voo rasante Lula pôde ver a pancadaria e muita gente ensanguentada. Foi sua última visão antes de ser encarcerado. Em resposta à violência de que foram vítimas, ativistas de vários movimentos sociais e sindicais decidiram instalar ali, na porta da Federal, a Vigília Lula Livre, onde acamparam e de onde prometeram só sair quando o ex-presidente fosse libertado.
“— Fiquem tranquilos, eu não vou me suicidar. Ainda tenho muita coisa a fazer pelo Brasil.
Zanin e Sig abraçaram-no, emocionados, e partiram. Exausto com o estresse dos últimos dias, o ex-presidente recusou os sanduíches que lhe ofereceu um carcereiro (o mesmo funcionário que o despertaria na manhã seguinte com café e pão com manteiga), tirou apenas o paletó e os sapatos, e nem chegou a desfazer a mala. Como costuma fazer sempre que dorme em algum ambiente desconhecido, Lula não apagou as luzes, mas ao deitar cobriu os olhos com uma dessas vendas utilizadas em voos noturnos. Assim, diz ele, se durante a noite quiser ir ao banheiro ou tomar água, evita o risco de sair no escuro, à cata de interruptores, e tropeçar em móveis e objetos”. A redação é da Revista Fórum