Após investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) classificar Ana Cristina Valle, a ex 02 de Jair Bolsonaro (Sem partido), como uma das peças-chaves do esquema de corrupção instalado nos gabinetes de Carlos (Republicanos-RJ), reportagem de Rodrigo Rangel e Patrik Camporez na edição desta sexta-feira (1º) da revista Crusoé revela que a atual, Michelle Bolsonaro, teria montado um bunker para fazer lobby em Brasília para aliados do governo.
Segundo os jornalistas, que dizem ter obtido documentos do próprio banco, a primeira-dama teria determinado ao presidente da Caixa Econômica Federal (CEF) concedesse empréstimos “a juros baixos” a um seleto grupo de empresários aliados do governo durante a pandemia. Alguns deles prestam serviços em cerimoniais e atos no Planalto.
“A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, diz e-mail enviado pela assessora especial da Presidência, Marcela Magalhães Braga, no dia 20 de maio de 2020.
De acordo com a revista, os pedidos geraram um procedimento interno de auditoria na Caixa. Na análise dos processos, as empresas constam como indicadas por “Pessoa exposta politicamente” sob a sigla PEP, como são tratadas os pedidos que partem de pessoas próximas ao poder.
“Cliente veio através da lista de empresas indicadas pela primera-dama Michelle Bolsonaro ao presidente Pedro Guimarães”, diz um dos documentos.
A lista reúne empresários que prestam serviços diretamente à Michelle, como florista, cabelereira empresários do ramo de moda, ou que atendem a cerimoniais no Planalto, como a doceira Maria Amélia Campos, que obteve, após lobby da primeira-dama, um empréstimo de R$ 518 mil junto à Caixa.
Maria Amélia se notabilizou nas redes sociais ao protagonizar um vídeo em que aparece à frente dos funcionários criticando as medidas de isolamento social contra a Covid-19 no Distrito Federal. “Lockdown não salva, lockdown mata. Governador deixa a gente trabalhar”, diz ela no vídeo.
“O contato com a primeira-dama foi fundamental. É o famoso QI (quem indica) que fala, né? Foi uma parceria com a primeira-dama, ela que deu a força final. Foi a Maria Amélia, amiga da gente, que conseguiu com a primeira-dama. Precisei ir uma vez só na Caixa. Foi fácil conseguir”, disse à reportagem Waldemar Caetano Filho, sócio do salão Luiza Coiffeur, sobre empréstimo obtido por indicação de Maria Amélia à primeira-dama.
Caso fique comprovado que Michelle recebeu favores em troca do lobby junto ao presidente da Caixa, o caso pode configurar crime de tráfico de influência. As informações são da Revista Fórum.