Sindicatos, movimentos sociais e grupos políticos de esquerda se reuniram mais uma vez contra o governo Bolsonaro nas ruas de Salvador neste sábado (20 de Novembro). No dia da Consciência Negra, a 42ª Caminhada Pela Paz uniu ao protesto e reforçou o pedido de impedimento do presidente e a defesa por políticas públicas de inclusão de diversos grupos e frentes que lutam contra o racismo e a intolerância religiosa. O crescente número de casos de racismo em unidades de ensino particular e pública da capital e a perseguição contra professores também foram temas centrais tratados pelas autoridades que participaram da manifestação em dois momentos diferentes, primeiro no Campo Grande e, em seguida, no Pelourinho. Os milhares de manifestantes levaram ao ato cartazes de ‘Fora Bolsonaro Racista’.
De acordo com a direção do PT de Salvador, cerca de 8 mil pessoas foram do Campo Grande à Praça da Sé. E o ato incorporou a ‘Marcha da Consciência Negra Zumbi e Dandara dos Palmares’. Os manifestantes também protestaram “contra a retirada de direitos, o desemprego, a inflação, os ataques contra a democracia, privatizações, e os crimes contra a saúde”. “Tivemos um ato gigante, com milhares de pessoas e a união de pautas importantes, como o combate ao racismo no Brasil. São mais de 50 anos de luta contra o racismo estrutural fortalecido por governos como o de Bolsonaro”, declarou Ademário Costa, presidente do PT na capital. “As ruas mostraram que o Brasil não aguenta mais esse governo e hoje mostramos a força do povo negro nas ruas. Vamos juntos reconstruir o Brasil”, continuou.
Dentro da programação do Dia da Consciência Negra, o vereador de Salvador Luiz Carlos Suíca (PT) participou de eventos e comentou a manifestação nas ruas da capital. Para o edil petista, os últimos episódios de racismo registrados no Colégio Estadual Thales de Azevedo e nas Escolas particulares Sartre, Vitória Régia e Cândido Portinari reforçam a importância de ampliar a luta contra o racismo, a desigualdade e a intolerância durante todo o ano. “Nosso estado é o maior em percentual de população negra fora do continente africano. E o racismo no Brasil está, cada vez mais, evidenciado pelo reforço que ganha com Bolsonaro no comando do país. Por isso, essa manifestação é de suma importância para mantermos a luta contra o discurso de ódio e preconceito”.
Quem também se pronunciou no Dia da Consciência Negra foi o Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba), que emitiu nota e pediu mais matérias sobre reparação. “O Jornalismo não pode se omitir. É preciso escrever as laudas da reparação, enquadrar a face do racismo, lincar justiça social e clicar oportunidades iguais”, aponta a direção da entidade. Mas as mobilizações pela passagem do Dia Nacional da Consciência Negra na Bahia também atraíram uma série de ativistas, organizações da sociedade civil e do poder público, refletindo sobre conquistas e desafios para a promoção do povo negro.
Programação e trajetória
Com pequenas concentrações e cuidados sanitários por conta da pandemia, as atividades lembraram a trajetória do líder Zumbi dos Palmares, ícone da trajetória pela liberdade do povo negro, reforçando as lutas atuais por igualdade racial. Em Salvador, uma das principais agendas foi a 13ª Lavagem da Estátua de Zumbi dos Palmares, com o tema ‘Vidas Negras importam: todos contra a Covid-19 em defesa do SUS’, evento realizado pela União de Negras e Negros Pela Igualdade (Unegro) no Pelourinho, em parceria com entidades do movimento social e Governo do Estado.
“A Lavagem representa a continuidade das lutas contra o racismo e em defesa da vida da população negra. Celebra a nossa ancestralidade, a nossa memória e atualiza os desafios da luta contra o racismo hoje”, afirmou a presidente nacional da Unegro, Ângela Guimarães, pontuando que as barreiras históricas pela equidade racial estão presentes principalmente no mercado de trabalho.
A titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Fabya Reis, ressaltou que o 20 de novembro é um marco histórico de lutas e celebração de conquistas. “A Bahia é o estado com maior concentração negra fora de África, com grandes desafios para a inclusão plena do povo negro, mas com atuação do Governo do Estado, através das diversas áreas, focando no combate ao racismo e às desigualdades, a partir da criação da Sepromi, há 15 anos”, destacou.
Um dos destaques citados pela secretária é a campanha institucional do Novembro Negro deste ano, que traz a mensagem “Com racismo não há democracia”, estimulando o debate sobre defesa do povo negro, combate ao racismo e reparação. Ela ainda citou o Edital da Década Afrodescendente, investimento do Governo do Estado na ordem de R$ 3 milhões, por meio de parcerias firmadas neste mês, com organizações da sociedade civil para viabilizar projetos voltados à geração de renda da população negra.
Música e resistência
Ainda integrando a programação do Dia da Consciência Negra, aconteceu, na Sala do Coro do TCA, o espetáculo ‘Afrobarroco em palestra musical – O canto dos Recuados’, do cantor e compositor Mateus Aleluia. Acompanhado do Maestro Ubiratan Marques, parceiro de longas datas, Mateus fez uma travessia pedagógica e musical que acontece no encontro da arte com o pensamento. O projeto é uma iniciativa da Sanzala Artística Cultural, em parceria com a Sepromi, Secult e Bahiatursa, com apoio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e teve transmissão ao vivo da TV UFRB e canal da Senzala Cultural. Pernambués Agora com informações do Política Livre, Sinjorba e do Governo da Bahia.