Em conversa com apoiadores no “cercadinho” em frente ao Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira (24), Jair Bolsonaro deu mais uma demonstração de que está insatisfeito com o cargo que ocupa. Dias após afirmar que ainda não tomou uma decisão sobre candidatura à reeleição em 2022, o presidente disse que está “louco” para “entregar” sua cadeira.
A fala se deu após um apoiador dizer que “em 2022 estamos aí”. “Tô louco para entregar isso aqui para alguém”, disparou Bolsonaro, olhando em direção ao Palácio. Os presentes apelaram, dizendo “não entrega, não”, ao que o chefe do Executivo respondeu: “É bom para visitar, mas para morar não é bom, não”.
Assista ao trecho da declaração, divulgado pelo deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS).
Ninguém te aguenta mais, já passou da hora!
O que tá faltando pra vazar?#ForaBolsonaro pic.twitter.com/Fh0xtaLsPG— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) November 24, 2021
Queixas constantes
Antes desta quarta-feira (24), a última vez que Bolsonaro havia reclamado de ser presidente foi em agosto. “Não queiram minha cadeira. Não é fácil sentar naquela cadeira de ‘criptonita’”, disse durante discurso em Cuiabá (MT).
“Tem muita, mas muita gente melhor do que eu por aí. Não faço questão de dizer que quero ser presidente. Agora, a barra é pesada. Tu tem que ter couro grosso”, afirmou ainda na ocasião.
Com a nova fala, já são ao todo, pelo menos, 8 ocasiões em que Bolsonaro mostra ter saudades de sua época de deputado.
Naquele período, o então parlamentar ficou conhecido por não fazer nada, colocar a família inteira na política e só ser notado por elogios à ditadura e torturadores e ataques a LGBTs.
Confira abaixo levantamento da Revista Fórum com os outros testemunhos de Bolsonaro sobre sua estafa presidencial.
Novembro de 2020: “Minha vida é uma desgraça”
Em discurso no Palácio do Planalto, em 10 de novembro de 2020, Bolsonaro fez a seguinte declaração:
“A minha vida aqui é uma desgraça, problema o tempo todo. Não tenho paz para nada. Não posso mais tomar um caldo de cana na rua, comer um pastel”
Janeiro de 2021: “Não consigo fazer nada”
Logo nos primeiros dias de 2021, em 5 de janeiro, o presidente admitiu a crise econômica no país, no entanto, afirmou que não poderia fazer nada.
Com semblante fechado, Bolsonaro disse:
“O Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela de imposto de renda. Tem esse vírus potencializado por essa mídia que nós temos aí. Essa mídia sem caráter que nós temos. É um trabalho incessante de tentar desgastar para retirar a gente daqui para voltar alguém para atender os interesses escusos da mídia”
Janeiro de 2021: “Não é fácil”
Poucos dias depois, em 14 de janeiro, Bolsonaro voltou a reclamar, quando apoiadores pediram, na porta do Palácio da Alvorada, para ele enviar vídeos a familiares deles.
“Tem gente que acha que ser presidente, ser governador, prefeito, é para comemorar. Não é para comemorar. É um tempo que você vai passar trabalhando, se você quiser, obviamente, trabalhando para o próximo. Não é fácil”
Fevereiro de 2021: “Minha vida é um inferno”
No dia 2 de fevereiro, também em resposta a apoiadores no Palácio do Planalto, Bolsonaro trocou o adjetivo para se referir à sua vida como presidente.
“Desgraça” deu lugar a “inferno”.
“Eu não sei o que eu vou fazer amanhã. Vou ver minha agenda de amanhã. Eu não sei. A minha vida é um inferno”
Julho de 2021: “Não sei o prazer”
Em 5 de julho, mesmo dia em que pesquisa apontou recorde de rejeição a ele e em que foi divulgada notícia que o associa diretamente ao escândalo de corrupção das rachadinhas, Bolsonaro reclamou mais uma vez. O desabafo, mais uma vez, foi feito a apoiadores.
“Não sei o prazer que certas pessoas têm em falar ‘eu sou presidente. Não sabem o que é ser presidente da República, meu Deus do céu”. Redação da Revista Fórum.