Você já ouviu falar em ‘flurona’? Trata-se da infecção simultânea por covid-19 e gripe. O nome vem da junção da palavra ‘flu’ (que significa ‘gripe’ em inglês) com parte de ‘coronavírus’. Autoridades médicas de Israel confirmaram o primeiro caso da dupla infecção no fim de semana. No Brasil, infectologistas já relatam a incidência do quadro pelo país.
Os sintomas da ‘flurona’, se comparados aos da covid-19 ou da Influenza isoladamente, são bem semelhantes entre si e o diagnóstico é feito através de painel viral.
“Observa-se febre, dor no corpo, inapetência, tosse, dor nas articulações, nos músculos e de garganta. Em casos mais graves, pode haver falta de ar e a necessidade de internação, eventualmente até em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, explica Estêvão Urbano, infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O também infectologista e consultou da SBI Marcelo Daher acrescenta que normalmente os quadros de ‘flurona’ são mais arrastados e podem ter mais intensidade nos sintomas. “O que chama a atenção é que, no geral, se imagina que duas infecções conjuntas não poderiam acontecer, mas tem acontecido e estamos tendo a oportunidade de acompanhá-las”.
Daher traz, entretanto, um alívio. “As duas doenças juntas não significam necessariamente uma maior gravidade, a não ser que fatores de risco estejam associados, como idade e comorbidades”.
Como se prevenir contra a ‘flurona’
As recomendações para a prevenção são as mesmas quando se fala em covid-19 ou em gripe: usar máscara de proteção facial, evitar ambientes fechados e aglomerações. Além disso, a imunização, tanto contra o coronavírus como contra a Influenza, se mostra mais que necessária.
“A vacina contra a gripe protege contra várias cepas. Não se sabe exatamente o nível de resposta no caso da H3N2, que é a gripe mais usual nessa crise que estamos vivendo, mas possivelmente ela confere pelo menos uma proteção parcial, e as pessoas não vacinadas deveriam se vacinar. Na vacina que será distribuída a partir de março já deverá haver cobertura para essa variante Darwin do H3N2. assim, acredito que essa campanha será fundamental para a prevenção na atual epidemia”, diz Urbano.
O que diz o Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde não informou quantos casos de “flurona” já foram registrados no Brasil. A pasta disse, contudo, que os dados de Influenza e outros vírus respiratórios são monitorados via vigilância sentinela, onde, por amostragem semanal, são feitos diagnóstico para Influenza e alguns outros vírus respiratórios, além da vigilância da SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e covid-19.
“Deve ser observado que esses são dados amostrais de análise qualitativa, cujo objetivo é identificar o perfil epidemiológico dos casos e conhecer os vírus respiratórios circulantes, com o objetivo de traçar medidas de prevenção e de controle pelas autoridades de saúde”, afirmou, em nota.
“Diante da pandemia, ficou definido um fluxo para diagnóstico de vírus respiratórios, no qual investiga-se a infecção por SARS-CoV-2 e, quando não é detectado, verifica-se a presença de Influenza e outros vírus respiratórios”, completou.
Por fim, a pasta informou que já iniciou as tratativas junto ao Instituto Butantan para aquisição das doses para a Campanha Nacional de Vacinação Contra a Influenza que será realizada em 2022, conforme ocorre anualmente.
“O imunizante encomendado é o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para o hemisfério sul no ano de 2022 e contempla em sua composição o vírus H3N2, circulante no País neste momento. A vacinação contra a Covid-19 segue Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19 (PNO), com foco na aplicação de segundas doses e doses de reforço”. Com informações da Band.