Ex-ministro da Educação do governo Jair Bolsonaro (PL), Abraham Weintraub disse, em entrevista ao podcast Inteligência Lta, que o presidente sabia antecipadamente que o ex-assessor Fabrício Queiroz seria alvo da Operação Furna da Onça, que afetou o filho dele Flávio Bolsonaro (Republicanos).
“Vou contar uma coisa aqui que acho que nunca contei em público. Eu estava no governo de transição, em novembro, e fui chamado para uma sala com pouca gente. [Bolsonaro] Juntou uma mesa comprida e falou: Ó, o seguinte. Está para aparecer uma acusação, que está pegando esse cara aqui (apontou para o Flávio). O governo não tem nada a ver com ele. Se ele cometeu alguma coisa errada, ele que vai pagar por isso”, relatou Weintraub.
Segundo ele, também estavam na sala Onyx Lorenzoni, Alberto Santos Cruz, Gustavo Bebianno e outros futuros ministros.
Em 2020, o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio, disse ao jornal “Folha de S. Paulo” que um delegado da Polícia Federal antecipou ao filho do presidente – antes do segundo turno da eleição de 2018 – que Queiroz seria alvo da operação.
Ainda de acordo com Marinho, a PF segurou a ação para depois da eleição “porque isso poderia atrapalhar o resultado”.
Confira a fala de Weintraub:
🚨 Ex-ministro diz que @jairbolsonaro sabia antecipadamente de operação policial que envolveu Flávio Bolsonaro.
“Está para aparecer uma acusação contra esse cara (Flávio)”, teria dito o então presidente eleito.
Relato de Abraham Weintraub foi feito ao podcast @InteligenciaLta. pic.twitter.com/05PJS9z3G7
— Metrópoles (@Metropoles) January 17, 2022
Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF), Flávio Bolsonaro confirmou a participação em uma reunião com o empresário Paulo Marinho e advogados. No entanto, o filho do presidente negou ter recebido informações sobre as investigações contra seu ex-assessor Fabrício Queiroz no encontro.
A investigação do MPF sobre um possível vazamento de informações que levou à convocação de Flávio para depor é baseada em acusação do empresário Paulo Marinho, que disse ter ouvido do próprio senador que ele teria recebido informações sobre a investigação de um delegado da PF.
Segundo o empresário, a conversa ocorreu em uma reunião na sua casa, no Rio, no final de 2018. Marinho é suplente de Flávio no Senado e cedeu sua residência para ser “quartel-general” da campanha de Bolsonaro para a Presidência.
Relembre
Apesar de Flávio Bolsonaro não ser alvo direto da Operação Furna da Onça, relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) incluídos na investigação apontavam movimentações atípicas nas contas de Fabrício Queiroz, que era assessor em seu antigo gabinete na Alerj. Flávio foi deputado estadual no Rio de 2003 a 2018.
Os relatórios acabaram sendo utilizados na investigação do Ministério Público do Rio sobre um esquema de corrupção no gabinete de Flávio. O chamado caso da “rachadinha” aponta que o parlamentar ficava com parte dos salários de seus funcionários. Segundo a investigação, os valores eram recolhidos e movimentados por Queiroz, operador financeiro do esquema. As informações são da Revista Fórum.