O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (31) que Jair Bolsonaro (PL) é o mandatário “mais subserviente” ao Congresso na história do país.
“É um presidente que disse que a política velha não ia mandar e que subordinou o seu mandato ao Congresso Nacional”, disse Lula.
“Porque nunca, desde a proclamação da República, a gente sabe de algum momento da história em que um presidente esteve tão subserviente, tão submisso ao Congresso Nacional, não ao Congresso como o todo, mas com os partidos que lhe sustentam”, continuou o ex-presidente.
A declaração foi dada durante o seminário “Resistência, Travessia e Esperança”, promovido pelo PT, do qual o petista participou por vídeoconferência.
Lula fez a crítica ao dizer que o Executivo deixou de executar o Orçamento e afirmar que o relator da peça hoje manda mais na economia do que o próprio ministro da pasta.
“Até a relação entre prefeitos e governadores está praticamente deixando de existir porque, quando os prefeitos precisam de alguma coisa, vão direto nos deputados e vice-versa, sem passar pelas instâncias normais”, afirmou o ex-presidente.
A fala de Lula ocorre num momento em que o presidente do PP e ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tem disparado ataques ao partido. O petista voltou a dizer que o partido precisa atuar para eleger uma bancada grande de deputados e senadores no Congresso e que esta deve ser uma prioridade da sigla.
Embora seja tratado como pré-candidato, o ex-presidente ainda não anunciou oficialmente a entrada na disputa pela Presidência da República. Lula disse que deve definir a situação no meio de março e que ela será uma “candidatura de movimento”, que deve “ultrapassar as barreiras da CUT, da força sindical”.
O ex-presidente articula para que o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) seja seu candidato a vice. Ele também busca atrair partidos considerados de centro ou centro-direita, como o PSD, para uma aliança.
Lula também tem buscado encontros com tucanos históricos e já esteve, por exemplo, com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). A necessidade de o partido eleger mais parlamentares foi endossada pela ex-presidente Dilma Rousseff. A ex-mandatária, que tem perdido protagonismo em eventos da sigla, teve destaque no seminário com uma fala de mais de cerca de 20 minutos.
Por videoconferência, Dilma defendeu programas do governo petista, como o Mais Médicos e a distribuição de medicamentos, e criticou o governo de Bolsonaro, em especial a política de reajuste de preços de combustíveis, a qual chamou de imoral.
“A gasolina agora, a última notícia mostra que em alguns locais do Brasil já tem gasolina a precisamente R$ 8. Quando nós deixamos o governo, a média estava a R$ 2,80. No ponto, chegou a R$ 3. Então, nós tínhamos uma situação de estabilidade no preço da gasolina, pelo qual o meu governo, do PT, foi acusado de ter manipulado preços”, afirmou.
A ex-presidente defendeu que o PT faça uma ofensiva para conseguir pelo menos maioria simples no Congresso, com o objetivo de ter uma posição mais autônoma no Parlamento.
“O Brasil hoje tem uma espécie, não é parlamentarismo, porque em nenhum país parlamentarista um deputado individual decide onde alocar os investimentos e o custeio”,afirmou. “Nós precisamos transformar essa onda que é a eleição do presidente numa onda que se repita também não somente institucionalmente, mas também de forma organizacional.”
Para a ex-presidente, o maior esforço do PT, portanto, tem que ser no sentido de sair da eleição com a capacidade de governar. “Daí a importância que atribuo à federação”, disse Dilma.
Deputados que estavam presentes ao seminário também reforçaram a necessidade de o partido eleger mais parlamentares da mesma forma, como a criticaram o Orçamento.
“Nós precisamos pensar um projeto de obras estruturantes, e isso tem que ser da dimensão do poder Executivo, não pode ser só da dimensão do parlamento”, afirmou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que será o líder da bancada em 2022. Com informações do Política Livre.