O senador Jaques Wagner (PT) pensou em entregar a secretaria de Administração Penitenciária ao MDB baiano ante a iminência do rompimento com o governo do deputado federal Marcelo Nilo (PSB), que controlou a pasta por meio do aliado Nestor Duarte Neto, demitido na última terça-feira.
Seria uma espécie de última ofensiva para tentar garantir o apoio à sua campanha para voltar ao governo da parte dos emedebistas, hoje na base de apoio do prefeito Bruno Reis (DEM), um dos principais apoiadores da candidatura do democrata ACM Neto ao Palácio de Ondina, outro que também negocia a adesão da sigla à sua campanha.
“A secretaria (de Administração Penitenciária) deve vagar aí (com o afastamento de Marcelo Nilo)”, teria dito Wagner numa conversa de aproximação política com os principais líderes emedebistas, insinuando que a pasta poderia servir ao propósito de um entendimento com o partido da família Vieira Lima.
Duas outras posições pensadas para o partido foram a secretaria de Ciência e Tecnologia e a Junta Comercial da Bahia, as quais, no entanto, não interessaram ao MDB. A sigla preferiria indicar o titular da Saúde, a qual, no entanto, foi recentemente ocupada na cota do governador Rui Costa (PT), numa estratégia para blindar a pasta.
Como a oferta de Wagner foi recebida como concreta, o ex-ministro Geddel Vieira Lima teria decidido ligar para Nestor e avisá-lo de que não aceitaria de jeito nenhum indicar um nome para substituí-lo. Geddel ficou sensibilizado pela maneira respeitosa como fora tratado pelo secretário enquanto esteve custodiado na Mata Escura.
O ex-ministro do ex-presidente Lula foi colocado esta semana em liberdade condicional pelo ministro Luiz Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no caso do bunker de R$ 51 milhões, depois de ter passado um período em prisão domiciliar, em seguida ao tempo em que ficou preso na penitenciária baiana.
Ao analisar o pedido dos advogados de Geddel, o ministro concluiu que os elementos apresentados sugeriam ‘senso de autodisciplina e responsabilidade’ e mencionou que o ex-deputado tem inclusive proposta de trabalho, reunindo ‘condições para garantir a própria subsistência’.
Antes disso, o político do MDB já vinha participando, em casa, de conversas sobre a sucessão estadual, procurado tanto por Wagner quanto por Neto, como por interlocutores de ambos, para discutir o engajamento da legenda que dirige na Bahia junto com o irmão, Lúcio, o mais espirituoso dos políticos baianos. Com informações do Política Livre.