Projeto de urbanização sem ouvir a comunidade e a mudança do nome da Lagoa do Abaeté, no bairro de Itapuã, em Salvador, foram alvos de protestos e de indignação por parte de lideranças políticas e religiosas da capital. Nesta sexta-feira (11), após manifestação que resultou em agressão a um grupo de matriz africana, o caso voltou a repercutir e a causar repúdio da yalorixá Jaciara Ribeiro, do terreiro Axé Abassá de Ogum, e da secretária nacional de Movimentos Populares do PT, Lucinha Barbosa. Ambas denunciam o caráter racista e intolerante da ação da prefeitura de Salvador com anuência da Câmara de Vereadores, onde o projeto está desde dezembro de 2021.
“Outra vez estamos indignadas com o racismo e com a intolerância religiosa praticados em Salvador. O Axé Abassá de Ogum é perto da Lagoa do Abaeté e estamos com o PL 411/2021 – aonde os evangélicos vêm solicitar que o nome Lagoa se torne ‘Monte Santos Deus Proverá’. Estamos indignadas e quero convocar todo povo de matriz africana da comunidade para ir para cima e dizer que não pode isso. Cadê a laicidade desse país? Isso é um descaso e a gente não vai dar um passo atrás”, reforça, em vídeo, a yalorixá Jaciara Ribeiro. Ela reforça que a mudança não será aceita pelos adeptos de religiões de matrizes africanas.
Para a secretária petista, o assunto precisa voltar ao debate e envolver a comunidade local. Lucinha Barbosa explica que o poder do povo é soberano e que precisa ser ouvido. Ela lembra da história do bairro e diz que Salvador “precisa urgentemente valorizar a cultura e a religião de matriz africana. Não podemos aceitar que uma religião passe por cima da história”, frisa. Lucinha também defende que projeto de urbanização precisa ser mais debatido. “Vamos atuar para que a história seja preservada”, completa a petista ao citar que as dunas chegam até o Parque do Abaeté, local que foi eternizado em canções de Dorival Caymmi e Caetano Veloso. A palavra ‘Abaeté’, inclusive, vem do tupi e significa ‘homem verdadeiro’. As informações são de assessoria.