Na semana em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) divulga os principais indicadores demográficos e de mercado de trabalho sobre as mulheres na Bahia, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o ano de 2021.
Dos mais de 14 milhões de habitantes no estado, as mulheres representam a maioria no total da população baiana (51,5%). Como principais resultados, o perfil predominante das baianas aponta para uma composição majoritária de autodeclaradas pardas (58,9%) e com idade entre 14 e 29 anos (24,2%). Em Salvador, responsável por 19,4% da população do estado, as mulheres também apresentam o percentual com maior expressão (54,0%).
Analisando o perfil das residentes na capital baiana, em maior número elas se autodeclararam pardas (49,2%) e, assim como no estado, a faixa etária predominante é aquela entre 14 e 29 anos (22,1%).
As estimativas da PNAD Contínua do IBGE revelaram que 2,245 milhões de mulheres estavam ocupadas no mercado de trabalho baiano no ano passado. Elas exerceram atividades laborais com características formais ou informais, principalmente, nos segmentos da Administração pública (27,6%), do Comércio (20,2%) e de Outros serviços (18,8%).
Em contrapartida, os homens apresentaram maior participação em postos de trabalho nos setores da Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (25,0%), do Comércio (18,3%) e da Construção (12,6%). Vale ressaltar que, no comparativo entre os anos 2020 e 2021, houve redução do percentual de mulheres empregadas na Administração pública, apesar da alteração não ser significativa estatisticamente, pois passou de 30,7% para 27,6%. A mudança indicou que 27 mil mulheres deixaram de trabalhar na Administração pública nesse mesmo período.
As dessemelhanças no mercado de trabalho entre homens e mulheres se acentuaram ainda mais em 2021. O desemprego que já era maior entre elas do que entre eles, ampliou essa diferença. Ou seja, em 2021, além da taxa de desocupação feminina (24,7%) superar o percentual do grupo masculino (15,5%), houve aumento na diferença entre as taxas correspondentes.
No ano de 2020, essa distinção era de 7,0 pontos percentuais em favor dos homens. Em 2021, por sua vez, essa disparidade chegou a 9,2 pontos percentuais. Para o total do estado, a taxa de desocupação correspondeu a 19,4% no último ano.
Na Bahia, os trabalhadores domésticos são majoritariamente mulheres. Em 2021, 299 mil mulheres exerceram essa ocupação, equivalente a 92,0% do conjunto de trabalhadores domésticos. Houve uma inclusão de 32 mil mulheres no número de trabalhadoras domésticas na comparação entre 2020 e 2021, com elevação do grau de precarização da relação de trabalho no referido grupo de ocupação. Constatou-se redução das domésticas em postos formais e, em contrapartida, ampliação nos postos informais. Destaca-se que essa ocupação é majoritariamente informal para elas, visto que 85,0% exerceram atividade sem garantias trabalhistas naquele ano.
O rendimento médio real habitualmente recebido pelas mulheres encolheu de 2020 para 2021, embora o mesmo tenha ocorrido para os homens. Em 2021, o rendimento médio real habitualmente recebido pelas mulheres (R$ 1.531) significou 92,0% do valor incorporado pelos homens (R$ 1.665).
O setor de atividade econômica Informação, comunicação e outras atividades foi aquele em que as mulheres auferiram o maior rendimento médio real habitualmente recebido, de R$ 2.677. Em contrapartida, o menor rendimento médio foi assimilado pelas mulheres na Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (R$ 429).
A maior diferença entre o rendimento médio real habitualmente recebido por homens e mulheres ocorreu na Indústria geral, alcançando R$ 1.207 em favor deles. Em 2021, enquanto os homens auferiram R$ 2.289, as mulheres receberam R$ 1.082 no referido setor. O rendimento médio real habitualmente recebido pelas mulheres superou o obtido pelos homens nos grupos setoriais Construção e Informação, comunicação e outras atividades.
Esses números refletem a realidade das mulheres baianas, com base nos dados mais recentes, e a caracterização do mercado de trabalho retrata também os impactos da crise da covid-19 nesse período. A piora em alguns indicadores revela a necessidade de políticas públicas que promovam melhorias nas condições de trabalho, emprego e renda e que impeçam a reversão dos avanços nas conquistas de direitos das mulheres, passos importantes na redução das desigualdades.
Os dados correspondem a uma estimativa média em relação aos quatro trimestres do ano analisado. Cabe destacar que, a partir de 30 de novembro de 2021, as estimativas da PNAD Contínua do IBGE passaram a ser divulgadas com base no novo método de ponderação da pesquisa, conforme a Nota Técnica 03/2021. Desta forma, a série histórica dos indicadores foi atualizada, o que pode implicar limitações na comparação com resultados anteriores que não tenham sido reponderados. Com informações de assessoria.