Apesar de não ter sido oficialmente inaugurada, a estátua do Cristo Protetor de Encantado, no Vale do Taquari, já movimenta o município de 23 mil habitantes a 144 km de Porto Alegre. Na última sexta-feira (22), a escultura foi finalizada pelo artista Markus Moura. Para um dos integrantes da entidade que idealizou a obra, a fé ajuda a explicar o sucesso turístico do Cristo Protetor. Desde o início da construção, 52,9 mil turistas já foram ao local.
Nos últimos dias, com a repercussão do fim do trabalho artístico e a Semana Santa, foram mais de 10 mil visitantes. “A gente fez a obra do Cristo pautada em três palavras: fé, devoção e gratidão. Só que a obra tomou uma proporção muito grande. Numa época de pandemia, o Cristo veio a somar na fé das pessoas”, diz Robison Gonzatti, vice-presidente da Associação Amigos de Cristo.
Na economia, a obra possibilitou a abertura e ampliação de restaurantes, hotéis e outros empreendimentos na região (veja mais detalhes abaixo). Além disso, o monumento ajuda a consolidar o estado como destino de turismo religioso no país. “O turismo religioso movimenta bastante. Para a região do Vale do Taquari, que não tinha toda essa visibilidade diante da importância que tem, eu vejo como uma super alavancada”, comenta a presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV) no Rio Grande do Sul, Lúcia Bentz.
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O complexo turístico ainda depende de instalações de água e luz, além de infraestrutura para inaugurar. Uma das expectativas é a liberação para o asfaltamento das vias do entorno. Com tudo isso finalizado, a expectativa é de que a região, cujos morros formam vales a perder de vista, fique ainda mais bonita. No coração do Cristo, que mede 37,5 metros de altura, sendo 43,5 metros, com o pedestal, ficará um mirante.
“É uma obra bonita. A gente vê os braços um pouco arqueados para frente, numa forma de acolhimento e proteção. O coração [com o mirante do vale], o rosto é jovial”, contempla Gonzatti. Sem dinheiro público, a obra foi custeada com o dinheiro de doações e trabalho voluntário. A Associação Amigos de Cristo, uma entidade sem fins lucrativos, irá se responsabilizar pela manutenção do complexo e o excedente das doações será doado, segundo o vice-presidente.
Reflexos na economia
Adriana Rizzi é proprietária de um hotel que leva o nome da família – “o menor da cidade”, diz ela. Ainda assim, o movimento de turistas com a construção da estátua fez com que o estabelecimento tivesse que ampliar sua capacidade de 15 para 21 quartos e construir uma sala de café, para pessoas que, mesmo sem pernoitar, passam pelo local.
“Quando instalaram os braços e a cabeça foi um boom mundial. No nosso hotel, a gente recebeu, inclusive, repórter internacional. Mudou muito a nossa realidade”, diz. Além dos turistas de outros estados e até de fora do país, a presidente da ABAV no RS, Lúcia Bentz, considera que a obra também pode atrair a população do RS.
“Para o próprio gaúcho valorizar e se aproximar das maravilhas que o estado tem, vejo como uma grande possibilidade”, observa. Ao lado da mãe, que abriu o hotel, e de uma funcionária, Adriana cuida da decoração dos ambientes, com dicas de turismo na região. Em razão da alta na procura por quartos, outras pessoas são chamadas para auxiliar no trabalho.
“Se tinha algum evento, a gente tinha movimento. Um, dois, até nenhum [hóspede]. Hoje tem uma média de 20 e 30 pessoas”, afirma Adriana. De uma das janelas do hotel, é possível ver o Cristo Protetor. A proprietária da hospedaria brinca com o sentimento expresso pelo nome da cidade.
“Eu, que moro aqui, vou dizer: me encantei, é de tirar o fôlego.”
A impressão é compartilhada por Robison Gonzatti, da Associação Amigos de Cristo, que cita a frase do ex-prefeito Adroaldo Conzatti, vítima de Covid-19, e um dos entusiastas da obra. “‘A autoestima, quando compartilhada, é um bem que se multiplica’. A nossa população tem orgulho de dizer que é de Encantado”, comenta. Com informações do g1.