O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez nesta quinta-feira (28), em evento de dirigentes de Rede Sustentabilidade de apoio ao petista, mais um gesto na tentativa de atrair a ex-senadora Marina Silva para sua campanha presidencial.
Durante o ato, Lula também disse que Jair Bolsonaro (PL) usa o nome de Deus em vão e é um fariseu, querendo dizer que o presidente finge ter fé em busca de eleitores.
O petista ainda afirmou que a decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), que concluiu que os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro foram parciais nos seus processos, foi uma “lavagem de alma extraordinária”.
A ex-senadora Marina Silva, que foi ministra do Meio Ambiente durante o governo Lula e uma das fundadoras da Rede, não compareceu ao ato de integrantes do seu partido.
“Eu, na verdade, esperava que a Marina estivesse aqui, porque a minha relação com a Marina é muito antiga, muito grande. Eu, às vezes, não sei porque ela demonstra momentos de raiva”, disse o ex-presidente.
“Mas eu quero dizer para vocês que eu aprendi a gostar da Marina ainda quando ela era menina no estado do Acre. É importante lembrar que eu indiquei a Marina para ser ministra lá em Nova York. Eu perdi muitas amizades com muitos intelectuais que achavam que iam ser chamados porque eu indiquei a Marina”, disse Lula. Em seguida, o petista repetiu que criará o Ministério dos Povos Indígenas caso seja eleito.
Apesar de dirigentes terem promovido um ato de apoio a Lula nesta quinta, a Rede elaborou uma resolução em que libera o voto de filiados em Lula ou Ciro Gomes (PDT) e proíbe o apoio a Jair Bolsonaro (PL), embora não o mencione no documento. Ex-petista, a ex-senadora Heloísa Helena (Rede) disse em entrevistas que gostaria de votar em Ciro.
Já a posição de Marina ainda não está clara, na avaliação de dirigentes da Rede. Em entrevista ao jornal O Globo, a ex-ministra indicou que poderia conversar com Lula, mas a aproximação ainda não foi efetivada.
“Eu estou disposta a conversar no campo da democracia. Da minha parte, não tenho nada pessoalmente contra o Lula. São questões concretas, de natureza objetiva e que podem sim ser conversadas”, disse Marina na entrevista.
A ex-senadora tem mágoas do PT em razão do pleito de 2014, quando se candidatou à Presidência e foi fortemente atacada pela campanha de Dilma Rousseff (PT). À época, ela chegou a afirmar que nunca pensou que o PT tentaria destruí-la.
Antes disso, Marina já havia deixado o PT, em 2009, após militar pelo partido por quase 30 anos, fazendo críticas ao então governo Lula.
Durante o ato nesta quinta, a Rede entregou ao ex-presidente um documento com 14 propostas para um eventual governo Lula, que inclui valorizar a Amazônia, combater a crise climática e retomar a criação de Unidades de Conservação e da Demarcação de Terras Indígenas e Quilombolas. Lula foi cobrado em mais de uma fala a realizar propostas voltadas especificamente aos povos indígenas.
O evento foi organizado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integrará a coordenação da campanha de Lula.
“Anunciamos o apoio incondicionalmente porque a Rede não é partido que pode ficar no muro. Não poderia ser diferente”, afirmou.
A tentativa de Lula de atrair a ex-ministra para sua campanha presidencial passa pela estratégia de formar “um movimento”, como o ex-presidente tem dito, com diversos partidos para fazer gestos em direção ao eleitores de centro.
Nesta quinta, o petista ainda participará de congresso do PSB, partido ao qual está filiado Geraldo Alckmin (PSB-SP), indicado para ser seu candidato a vice-presidente. Depois, há expectativa de que receba o apoio do Solidariedade e do PSOL.
“Para mim, o significado do gesto de vocês [Rede] simboliza muito, muito mesmo. A gente esta juntando todas as pessoas de esquerda desse país, de bem desse país, que acreditam que da para tirar da presidência da República um cidadão que jamais deveria ter chegado a presidência da República”, afirmou Lula.
Em seguida, o petista afirmou que Bolsonaro mente e jamais deveria ter chegado à Presidência da República.
“Ele é uma pessoa que usa o nome de Deus em vão. Ele não é nem evangélico, católico, ele é um fariseu, que se utiliza da boa fé de milhões e milhões de brasileiros, evangélicos e católicos que votaram nele também”, disse Lula.
Os evangélicos são considerados uma das principais bases do eleitorado de Bolsonaro e uma parcela da população pela qual o petista briga para conquistar.
“Ele [Bolsonaro foi eleito presidente com base no ódio, na provocação, e ele pensa que ele vai se reeleger assim, não vai se reeleger. Dia 2 de outubro o povo brasileiro vai dar um golpe no fascismo e vai reestabelecer a democracia brasileira.”
Lula ainda comemorou a decisão da comissão de Direitos Humanos da ONU, que concluiu que os procuradores da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro foram parciais em relação aos casos investigados contra o ex-presidente.
“Tive duas notícias extraordinárias. Uma, essa do processo da ONU. O ideal seria se pudesse retirar o Bolsonaro e me colocar para presidir o país, mas final de mandato eu também não quero”, disse.
“Hoje eu estou alegre, essa decisão da ONU foi para mim uma lavagem de alma extraordinária. E o apoio de vocês [da Rede] é muito gratificante”, afirmou Lula.
Lula voltou a criticar o preço dos combustíveis, o valor do salário mínimo e defendeu investimentos em educação.
“Estou de volta para me candidatar a presidente da República e sei que não farei sozinho. Porque não é só vocês entregarem um papelzinho com programas gerais. Vocês vão ter de ajudar a fazer o programa e a executar a politica que vocês quiserem”, afirmou Lula. Com informações do Folhapress.