O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou na última sexta-feira (29) que a democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas —”só não tem lugar para quem quer destruí-la”.
Barroso silenciou sobre a reação do ministério da Defesa à sua afirmação de que existe orientação para que as Forças Armadas façam ataques ao sistema eleitoral brasileiro. Ele não citou o episódio durante a sua palestra, tampouco respondeu sobre o assunto quando questionado pela imprensa.
O ministro participou de seminário do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio de Janeiro sobre as eleições de 2022.
No início de sua fala, Barroso disse que não tem nenhuma preferência política e afirmou que a lógica do juiz não é de amigo ou de inimigo, mas sim “do certo ou do errado, do justo ou do injusto”.
Ele concentrou seu discurso na defesa da segurança da urna eletrônica, afirmando que o processo é inteiramente seguro e transparente. “O Brasil tem muitos problemas, mas nosso sistema de votação não é um deles.”
O ministro também procurou passar um recado positivo, dizendo que, ao longo do último século, o país evoluiu muito na participação da população no processo eleitoral, na garantia da integridade do voto e no estabelecimento da democracia.
No último domingo (24), o magistrado, que é um dos principais alvos de ataques do chefe do Executivo, disse que há um esforço para levar as Forças Armadas ao “varejo da política” e que isso seria uma “tragédia” para a democracia.
“Desde 1996 não tem um episódio de fraude no Brasil. Eleições totalmente limpas, seguras e auditáveis. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar? Gentilmente convidadas a participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo?”, questionou.
Quando era presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Barroso travou diversos embates com Bolsonaro e foi o responsável por convidar, ano passado, as Forças Armadas a participarem de uma comissão de acompanhamento das eleições a fim de dar transparência ao sistema eletrônico de votação.
O ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, reagiu e disse que a afirmação de Barroso foi “irresponsável” e uma “ofensa grave”.
“O Ministério da Defesa repudia qualquer ilação ou insinuação, sem provas, de que elas teriam recebido suposta orientação para efetuar ações contrárias aos princípios da democracia”, afirmou em nota. Com informações do Folhapress.