As roupas coloridas são tendência em várias épocas do ano. Há dois mil anos a prática de tingir era feita com recursos naturais, mas, com o tempo, os pigmentos passaram a ser sintéticos. O grande problema é que esses corantes químicos fazem mal à saúde das pessoas e ao meio ambiente. Com o intuito de criar uma estamparia sem agredir o biossistema, Ludmila Singa, moradora de Salvador, elaborou um projeto que utiliza pigmentos naturais para estampar tecidos.
Ludmila revela que o sonho de abrir uma estamparia vem de longa data, mas ao descobrir que o processo era tóxico para o ecossistema, buscou desenvolver uma estamparia natural. “Eu identifiquei, por meio das minhas pesquisas, o quanto é poluente esse processo de coloração de estamparia na indústria têxtil. A partir disso, fiquei pensando que não queria fazer parte desse mercado dessa forma. Eu queria fazer estampas e lançar coleções de roupa com estampa autoral, mas sem fazer parte dessa cadeia produtiva”.
A partir dessa ideia, Ludmila começou a desenvolver sua estamparia. Além de pensar na natureza, a coleção também é agênero e é inspirada na sexualidade como um todo . “A Sagrada Vulva também tem como propósito trazer a reflexão e autocuidado sobre a sexualidade como um todo. Buscamos mostrar ilustrações sobre as formas femininas com objetivo de trazer à tona o debate sobre a presença do feminino na construção do indivíduo social. Outro diferencial é que trabalhamos com o modelo de roupas agênero, ou seja, qualquer pessoa vai se sentir confortável para usar as peças”, explica Ludmila Singa.
Segundo a CEO, que é formada em Bacharelado Interdisciplinar em Artes pela UFBA, a coleção será dividida em subcoleções e cada uma receberá o nome de uma planta que auxilia no tratamento de doenças no útero. “Cada subcoleção terá o nome de ervas e raízes de plantas que se usam no trato do útero. Por exemplo, o barbatimão, que é uma raiz super poderosa para várias questões de cicatrização, vaporização uterina e banho de acento, vai ser utilizada como um dos pigmentos naturais que vai trazer uma das cores da coleção”.
O projeto, que foi escolhido pelo Edital Inventiva, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), vai iniciar a fase de testes e estruturação. “Vamos realizar testes de qualidade, de durabilidade e de fixação da cor. A partir disso, quando conseguirmos produzir as estampas, com a tintura que possa proporcionar uma durabilidade, uma qualidade e conforto, passaremos para o processo de produção”, diz Ludmila.
A empresa, que conta com a colaboração de Carolina Carvalho, Jamile Carvalho, Beatriz Almeida e Alberto Pita, quer colocar em evidência a moda sustentável. “Temos o pilar da sustentabilidade e do autocuidado dentro da moda. Estamos levando esse pensamento para a sociedade. Para além da roupa, que a Sagrada Vulva represente uma ideia, represente um estilo de vida, represente uma ação”, afirma.
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação para contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail [email protected]. Com informações de assessoria.