Com foco no município de Itaberaba, um dos locais que tem importante participação na oferta do abacaxi, o pesquisador Davi Junghans, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, desenvolveu um estudo chamado ‘Novas Alternativas para a Produção de Abacaxi no Semiárido da Bahia’, em parceria com a EBDA, UFRB e a Coopaita, cooperativa local dos produtores de abacaxi, para verificar o comportamento agronômico de variedades da Embrapa na condição semiárida, comparado com o da ‘Pérola’, cultivar tradicional no Nordeste, mas suscetível à fusariose.
Conforme o estudo, a doença, também chamada de resinose ou gomose, é a principal responsável por perdas na produção de abacaxi no Brasil. Entre os quatro materiais testados, a variedade BAG 344 apresentou adaptação às condições ambientais da região.
“Esta variedade, obtida na coleção de abacaxi da Embrapa, foi coletada há anos na Amazônia. É espinhosa, resistente à fusariose e se comportou muito bem, mesmo na pior condição de plantio, de sequeiro (sem irrigação). Seu fruto tende a ser cilíndrico, com polpa creme”, explica.
Apesar de apresentar resistência genética à doença, que dispensa o uso de fungicidas, a fruta gerada pela 344 é pequena (em torno de 1,1 Kg). Segundo o agrônomo, este resultado, aparentemente negativo, pode ser visto com outro olhar. “O consumidor brasileiro está acostumado a comprar com os olhos. Apesar do fruto ser menor que o da ‘Pérola’, utilizamos aquela variedade no cruzamento com cultivares comerciais. E, entre as progênies obtidas, selecionamos híbridos superiores. Estes híbridos foram avaliados em diferentes regiões produtoras de abacaxi do Brasil (três delas na Bahia) e os resultados obtidos têm sido animadores. Pelo menos quatro híbridos foram identificados como promissores, todos filhos daquela variedade selecionada em Itaberaba. Estes híbridos se mostraram resistentes à fusariose e com produção de frutos de excelente qualidade, em tamanho e sabor”.
As mudas destes híbridos obtidos na Bahia são testadas em outros estados e o próximo passo da pesquisa é o lançamento de novas cultivares de abacaxi. “Prevemos o lançamento a partir de 2023 destas novas cultivares. Para este lançamento, futuramente serão estabelecidas parcerias da Embrapa com produtores/viveiristas. No caso de Itaberaba e região, a ideia é utilizar a infraestrutura para produção de mudas pela técnica de seccionamento do talo, para multiplicar as novas cultivares de abacaxi. Essa infraestrutura foi instalada na sede da Cooperativa Nacional de Produção e Agroindustrialização (Coopaita), durante a execução do projeto com recursos da Fapesb”, diz.
Jornal da Chapada