O Ministério da Saúde revelou nesta segunda-feira (30) que foi notificado sobre dois casos suspeitos de varíola dos macacos. Um está no Ceará e o outro, em Santa Catarina. Ainda há a possibilidade de um terceiro caso no Rio Grande do Sul. De acordo com o ministério, “os pacientes seguem isolados e em recuperação, sendo monitorados pelas equipes de vigilância em saúde. A investigação dos casos está em andamento e será feita coleta para análise laboratorial”.
A pasta também informa que um terceiro, que pode vir a ser classificado como suspeito, está sendo monitorado no Rio Grande do Sul. Segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul, o paciente possui “histórico de viagem”, mas, o caso está em discussão com o Ministério da Saúde, pois, o paciente teve outro diagnóstico confirmado e isso, em princípio, descartara o caso. Uma nova avaliação do paciente será feita.
“Estamos em um momento de alerta”, diz ex-ministro da Saúde
Em entrevista à Fórum, o deputado federal e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT-SP), declarou que o momento é de alerta e que os profissionais de saúde precisam ser orientados. “Nós estamos em um momento de estado de alerta. Esse tipo de doença já causou outros surtos não só na África, onde ocorrem os maiores, mas também nos Estados Unidos, em 2003. É uma doença que tem uma forma de transmissão mais lenta do que a Covid-19”, explica.
O deputado, que é médico sanitarista, afirma que “o fundamental é todo profissional de saúde estar orientado sobre os sinais de sintoma dessa doença. Estar orientado a suspeitar dessa doença de qualquer pessoa que tenha vindo dos países onde está identificado o surto e que esteja orientado a identificar e orientar o mais rápido possível”.
Anvisa e Ministério da Saúde anunciam medidas de contenção do vírus
O Ministério da Saúde emitiu um comunicado na última terça-feira (24) onde revela que uma Sala de Situação foi criada para monitorar o cenário da varíola dos macacos no Brasil. Segundo o ministério, “a medida tem como objetivo elaborar um plano de ação para o rastreamento de casos suspeitos e na definição do diagnóstico clinico e laboratorial para a doença”.
A pasta também informa que “até o momento não há notificação de casos suspeitos da doença no país” e que encaminhou aos estados “o Comunicado de Risco sobre a patologia, com orientações aos profissionais de saúde e informações disponíveis até o momento sobre a doença”.
“A vigilância de doenças com potencial para emergência em saúde pública é monitorada pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS Nacional), que atua de forma permanente, detectando informações 24 horas por dia. A varíola dos macacos é uma doença viral endêmica no continente Africano, com transmissibilidade moderada entre humanos”, finaliza o comunicado do Ministério da Saúde.
Por sua vez, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em comunicado divulgado na noite desta terça-feira (24), desmentiu que tenha recomendado isolamento e reforçou as medidas nos aeroportos que já são aplicadas para conter o coronavírus e outras doenças.
Sobre a Varíola do Macaco em específico, a Anvisa replicou as orientações do ECDC (Europa) e CDC (Estados Unidos): uso de máscara, higiene das mãos e isolamento das pessoas infectadas e daquelas que tiveram contato com pessoas contagiadas. Por fim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitiu um sinal de alerta e informou que segue monitorando os casos da Varíola do Macaco.
Transmissão
Ainda não está claro para as agências de saúde e controle de doenças como se dá a transmissão, há duas principais hipóteses: por relações sexuais e por meio de aberturas/feridas no corpo. As autoridades sanitárias da Grã-Bretanha reiteraram as suspeitas de que as infecções pela varíola do macaco estariam ocorrendo por via sexual, aconselhando a todos que redobrem os cuidados em suas relações e que usem sempre preservativos.
Segundo o CDC, a transmissão pode se dar por:
– Gotículas do vírus;
– Contato direto com lesões ou fluídos corporais de uma pessoa infectada;
– Contato indireto por meio de roupas ou lençóis contaminados;
Sintomas
Segundo o CDC o tempo de incubação (da infecção até os sintomas) varia de 7 a 14 dias, mas pode variar de 4 a 21 dias
Os primeiros sintomas são:
– Febre;
– Dor de cabeça;
– Dores musculares;
– Dor nas costas;
– Linfonodos inchados;
– Arrepios;
– Exaustão;
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo. As lesões progridem a partir dos seguintes estágios:
– Máculas (mancha na pele acompanhada de lesão);
– Pápulas (lesões na pele que podem ser roxa ou marrom);
– Vesículas;
– Pústulas (bolas com pus que aparecem na pele);
– Crostas;
Prevenção
De acordo com o CDC existem várias medidas que podem ser tomadas para prevenir a infecção da varíola dos macacos:
– Evitar contato com animais que possam abrigar o vírus;
– Evitar o contato com qualquer material como roupas de cama que tenha tido contato com pessoas infectada;
– Isolar os pacientes;
– Higienização das mãos;
– Utilização de máscaras;
Tratamento
Ainda não há um tratamento específico para a varíola do macaco, mas segundo a CDC a vacina existente contra a varíola pode ser usada e ela é até 85% eficaz. Com informações da Revista Fórum.