As intenções golpistas do presidente Jair Bolsonaro em relação às eleições de outubro estão cada dia mais indisfarçáveis e agora a nova cartada objetivando o tumulto do pleito ficou por conta da “empresa” contratada pelo Executivo federal para “auditar” a disputa. O tal “Instituto Voto Legal”, alinhadíssimo com as manobras autoritárias do mandatário da República, fez três exigências ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que para atendê-las precisaria mudar as regras impostas pelo órgão estatal responsável por arbitrar eleições no país.
A primeira delas é a respeito do ambiente onde esses votos são totalizados em Brasília, um local hermeticamente fechado e sem conexão com o mundo exterior para evitar vazamentos de informação ou qualquer tentativa de interferência nas redes internas do TSE. O “Voto Legal” quer conectar seus notebooks à internet dentro deste ambiente, o que na prática permitiria à empresa enviar e receber dados de dentro de um lugar de segurança máxima e que não pode receber influências externas.
No “plano de trabalho” entregue pela “Voto Legal” à Justiça Eleitoral nesta sexta-feira (10), no qual o instituto pede essas mudanças, há ainda uma solicitação para que se instalem nas máquinas de processamento do TSE softwares de “monitoramento da integridade dos arquivos e programas que compõem o sistema eleitoral”, um completo absurdo, já que esses históricos de monitoramento poderiam depois ser alterados para servirem como uma suposta prova de fraude.
Por fim, a “auditoria” que Bolsonaro presumivelmente pretende usar para melar as eleições quer ainda alterar um ordenamento do TSE que determina a entrega do código-fonte do programa que for utilizado no processo de verificação dos sistemas eleitorais.
Por ora, ainda não é possível dizer qual será a resposta do ministro Edson Fachin, presidente do TSE, que analisará o pedido de credenciamento do “Voto Legal” para “auditar” a eleição. Uma das exigências mais claras da resolução do Judiciário é que o instituto tenha “notório histórico de participação em auditorias eleitorais”, o que definitivamente não é o caso desta empresa, que foi constituída em 2021 e nunca realizou esta tarefa, o que reforça ainda mais as suspeitas de que sua criação foi para dar suporte aos anseios golpistas do presidente. As informações são da Revista Fórum.