O acarajé, que é patrimônio cultural do Brasil, é uma comida típica da Bahia e muito consumida pelos moradores e turistas. Mas você já se perguntou para onde vai o azeite de dendê usado nesta e em outras iguarias da culinária baiana? Esse foi o questionamento feito por Carolina Heleno e Flávio Cardozo.
O casal fez uma pesquisa de campo e notou que devido aos problemas de gestão de resíduos da cadeia, 90% dos tabuleiros de acarajé não conseguem fazer o descarte adequado dos resíduos e não reciclam o produto. A partir disso, eles desenvolveram uma proposta voltada para a coleta seletiva, logística reversa e reciclagem de azeite de dendê em Salvador.
De acordo com Carolina Heleno, esse projeto, que faz parte da startup ÓiaFia!, uma saboaria artesanal, apresenta três soluções principais: EcoColeta, EcoPonto e E-Commerce. O primeiro tem o intuito de conectar o público-alvo.
“A EcoColeta representa uma solução digital com mecanismos de coleta seletiva e logística reversa inteligente. Por meio de um aplicativo mobile, tabuleiros de acarajé, cooperativas e ecopontos serão mapeados, conectando a população às principais iniciativas de reciclagem”.
Já os outros dois pontos têm objetivo comercial e rentável. “Os resíduos de dendê serão então direcionados para o EcoPonto, um espaço físico onde serão reciclados por meio da produção de sabão. Posteriormente, os sabões de dendê reciclados serão comercializados por meio de um E-Commerce, que também disponibilizará a venda de créditos de reciclagem, possibilitando a compra por empresas, que poderão comprovar seu engajamento na compensação dos resíduos da cadeia de dendê”, explica Carolina.
A capital baiana possui cerca de 3.500 baianas de acarajé, que consomem mais de 6 milhões de litros de azeite de dendê por ano. Segundo Flávio Cardozo, as consequências para o meio ambiente são visíveis.
“Os impactos ambientais desse processo são claros. O azeite despejado no ralo polui milhares de litros de água, causa a morte de várias espécies aquáticas, e causa o mau funcionamento das redes coletoras de esgoto, gerando altos custos ao município e a população”.
Carolina ressalta que além de ser socioambiental, a ideia fomenta a economia circular, conceito que une atividades econômicas e cuidado com a natureza, e gera benefícios aos envolvidos.
“Não existe hoje uma instituição baiana que reúne essas soluções em um único modelo. As companhias existentes, que, geralmente, têm como foco apenas grandes redes, não conseguem atender pequenos empreendedores, como as baianas de acarajé. Nossas soluções buscam resolver esses problemas e desenvolver um modelo tecnológico expansível para outros tipos de óleos de fritura e regiões do país”.
O projeto, que foi contemplado pelo Edital Inventiva, da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb), que é vinculada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), está na fase inicial e busca mais patrocinadores. “Em paralelo ao desenvolvimento dos processos e tecnologias do projeto, a startup tem como próximos passos a busca de patrocínio, apoio e investimentos para montagem da fábrica e adequação da infraestrutura de equipamentos relacionados ao armazenamento, pré-tratamento, reciclagem e produção de sabão de azeite de dendê”, diz Carolina.
Os cofundadores Co-CEO da ÓiaFia também contaram com o apoio do Programa de Aceleração de Startups realizado pela Vale do Dendê, Google for Startups e a Qintess e o Programa Investe Mais, financiado pela MDC Energia. Além disso, a startup desenvolveu uma parceria com pesquisadores do Instituto de Computação da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Bahia Faz Ciência
A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e a Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia (Fapesb) estrearam no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros.
As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria e da Fundação. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail [email protected]. Com informações de assessoria.