A maioria dos eleitores que pretendem votar em Jair Bolsonaro (PL) no pleito de outubro acredita que o presidente mais combate do que incentiva crimes na Amazônia e que ele fez o que estava ao seu alcance para investigar as mortes do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na região.
Segundo a última pesquisa Datafolha, quase todos os seus apoiadores acreditam em Deus. Um terço deles vai a igrejas ou cultos mais de uma vez por semana, e quase metade diz sempre contribuir financeiramente com a sua instituição religiosa.
Veja abaixo o que pensam os brasileiros que têm Bolsonaro como primeira opção para presidente sobre quatro temas: economia, Amazônia, religião e influência no voto. Entenda também seu perfil, em geral mais masculino, branco, heterossexual, mais velho, rico e escolarizado.
Os assuntos foram questionados no levantamento mais recente, feito com 2.556 pessoas acima de 16 anos em 181 cidades de todo o país nos dias 22 e 23 de junho. Ele foi contratado pelo jornal Folha de S.Paulo e está registrado no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-05166/2022.
A margem de erro total é de dois pontos percentuais. É importante ponderar, porém, que ela aumenta quando se considera apenas os que votarão em cada pré-candidato: é de três pontos entre eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quatro em Bolsonaro e sete em Ciro Gomes (PDT), sempre na pesquisa estimulada. Os demais postulantes ao cargo não foram incluídos porque a amostra é pequena.
1. Economia
Os eleitores de Bolsonaro são mais otimistas em relação à economia: 48% acham que a inflação vai ficar como está ou diminuir, em contraste com 32% do total do eleitorado. Ainda assim, quase metade dos bolsonaristas acredita que ela vai aumentar.
O mesmo clima de esperança ocorre com a expectativa de desemprego —7 em cada 10 apoiadores do presidente não acreditam em piora, contra 50% da população geral. Apenas 10% relatam que a quantidade de comida em sua casa foi insuficiente nos últimos meses, diante de 35% entre os apoiadores de Lula e de 20% entre os de Ciro.
2. Amazônia
Mais da metade dos simpatizantes de Bolsonaro acreditam que o presidente mais combate do que incentiva o desmatamento, a invasão de terras indígenas e a caça, pesca e garimpo ilegal na Amazônia. Mesmo assim, um quinto dos que pretendem votar nele vê estímulo a esses crimes.
Só 21% acham que ele fez menos do que poderia para investigar os assassinatos de Dom e Bruno, marca inferior aos 49% entre todos os entrevistados. A menor parte de seus apoiadores vê consequências do caso para a imagem do Brasil no exterior (36%) e para ações de organizações de proteção ao meio ambiente (39%).
3. Religião
Praticamente todos os eleitores do presidente, que atrai mais evangélicos, acreditam em Deus (98%, contra 83% entre os de Lula e 92% de Ciro). A maioria deles vai a cultos ou serviços religiosos uma vez ou mais por semana (64%) e diz contribuir financeiramente sempre ou de vez em quando (73%).
A pesquisa não traz diferenças significativas de candidato para candidato quando é perguntado se o culto religioso que o entrevistado frequenta costuma fazer recomendações sobre política (no geral, cerca de um quinto diz que sim). Entre os eleitores de Bolsonaro, porém, o índice dos que seguem essas orientações é levemente mais alto.
4. Influência no voto
A parcela de apoiadores de Bolsonaro que se sente influenciada por opiniões externas na hora de votar se assemelha à do total dos entrevistados quando se fala de amigos próximos (15% relatam muita influência), filhos (22%), redes sociais (16%) e jornalistas (16%).
Esse número, porém, é ligeiramente maior entre os simpatizantes do presidente quando eles são perguntados sobre líderes das suas igrejas (32% se sentem muito ou um pouco influenciados, contra 22% do total).
5. Perfil
A pesquisa mais recente mostra que 93% dos apoiadores de Bolsonaro se definem como heterossexuais, parcela superior à dos eleitores de Lula (82%) e Ciro (89%). A maioria dos bolsonaristas também é homem (59%), e quase metade tem mais de 45 anos.
Ele angaria mais votos que os dois concorrentes nas faixas de eleitores que ganham de três a cinco e de cinco a dez salários mínimos mensais, além de acumular mais seguidores que o petista entre funcionários assalariados registrados, autônomos regulares e empresários. As informações são do Folhapress.