Nesta sexta-feira (18), Bolsonaro se irritou com os questionamentos do youtuber Wilker Leão e partiu pra cima do rapaz. O mandatário foi enquadrado por Leão na saída do Palácio do Alvorada e, entre várias coisas, teve que escutar que é “tchuchuca do Centrão”. O blogueiro começou a fazer perguntas quando foi empurrado por alguém da segurança de Bolsonaro. Irritado, ele passou a xingar o presidente de “vagabundo”, “safado”, “covarde” e “tchutchuca do Centrão”.
Ao classificar Bolsonaro como “tchutchuca do Centrão”, Wilker Leão traz à tona o fato de que, quando candidato, o presidente era um crítico do Centrão e afirmava que iria governar sem fazer acordos com tal grupo da Câmara dos Deputados. O então candidato à presidência da República também afirmava que a sua eleição seria o rompimento com a “velha política” e que aqueles que integravam o Centrão, poderiam deixá-lo e mudar a sua imagem negativa ao votar junto com o seu governo.
No entanto, o discurso de Bolsonaro de que iria “romper com a velha política” caiu logo por terra e o presidente abraçou o chamado Centrão, que congrega os políticos fisiologistas e com larga ficha em escândalos de corrupção. Mas o que Wilker Leão quis dizer ao chamar Bolsonaro de “tchutchuca do Centrão”? O termo tem origem na música do grupo Bonde do Tigrão e diz respeito a uma pessoa que se entrega para outra, daí a correlação feita por Leão.
A Revista Fórum separou algumas frases de Bolsonaro sobre o Centrão em dois períodos: antes e depois de tornar presidente. Parte delas foram extraídas do livro “Bolsonaro e seus seguidores: o horror em 3.560 frases”, de Walter Barreto Jr., e de levantamento de notícias e redes sociais.
https://twitter.com/lucasrohan/status/1560277662869860357
“Dirigentes do Centrão são alta nata de tudo o que não presta”, 21 de julho de 2018. “O que vem sendo feito ao longo dos últimos anos? O presidente indica os seus ministros, de acordo com interesses político-partidários, tem tudo para não dar certo. Qual é a nossa proposta? É indicar as pessoas certa para os Ministérios certos. Por isso nós não integramos o Centrão”, 1º de setembro de 2018.
“Acho que o Centrão virou um palavrão. Acaba a eleição, acaba o Centrão. Acho que os líderes têm que trabalhar para desvincular-se disso daí. Agora, a melhor maneira de demonstrar que eles não têm nada a ver com esse dito Centrão, que foi satanizado esse nome, é ajudar a votar aquilo que interessa para o Brasil”, 2018.
“O Centrão é um nome pejorativo. Eu sou do Centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo. Fui do PTB, fui do então PFL. No passado, integrei siglas que foram extintas, como o PRB, PPM. O PP, lá atrás foi extinto. Depois, nasceu novamente da fusão do PDS com o PPB, se não me engano. Eu nasci lá”, 1º de julho de 2021, ao justificar a nomeação de Ciro Nogueira como ministro da Casa Civil.
“É pancada o tempo todo, imprensa e qualquer lugar. O que eu tenho que fazer? Tocar o barco. Se eu ceder, já era. O pessoal critica que o cara está conversando com o Centrão. Quer que eu converse com o PSOL, o PCdoB que não é Centrão? […] São 513 deputados e 81 senadores. Essa é a minha lagoa, esses são os meus peixes na minha lagoa que tenho que convencer a votar nas minhas propostas. Essa é a política brasileira. São as condições do campo que você vai ter que entrar para jogar”, 9 de novembro de 2021. Com informações da Revista Fórum.