A dona de uma empresa contratada pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) por R$ 62 milhões, Ana Luiza Batista, 21 anos, trabalha como responsável pela área de banho e tosa em um pet shop em Nerópolis (GO). O gerente do estabelecimento confirmou que ela trabalha na função há cerca de um ano. Contudo, durante este mesmo período, ela já constava como sendo proprietária da ‘Imperiogn Comércio de Máquinas e Equipamentos e Serviços’, empresa fundada no nome de Ana Luiza em junho de 2020, e que recebe recursos públicos.
A empresa foi contratada pela Codevasf em março deste ano para fornecer 325 tratores por R$ 61,7 milhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou risco de superfaturamento de R$ 11,8 milhões no negócio firmado pela estatal e classificou como “exorbitantes” os valores usados pela companhia pública como referência para a aquisição dos veículos.
Procurada, a Codevasf disse que os contratos que têm com a empresa de Ana Luiza são regulares e que não houve até aqui “ocorrências que motivassem impedimento da empresa”. Já Ana Luiza reafirmou ser dona da empresa, que disse que abriu com uma herança que teria recebido de seu pai. Ela não identificou o nome do pai, que não a registrou em cartório, e a profissão dele.
Documentos mostram que ela investiu R$ 355 mil na firma desde a fundação, valor que constitui seu capital social até hoje. Ana Luiza ainda afirmou que, apesar da empresa com faturamento milionário, continua trabalhando no comércio por gostar e por pretender, futuramente, abrir uma loja sua.
Após ter sido criada, em 2020, a ‘Imperiogn’ já firmou contratos com 20 diferentes órgãos e ministérios pelos quais recebeu até agora R$ 6,9 milhões. Ela também venceu pregões para fornecer máquinas e materiais de construção a estados e municípios, segundo publicações no Diário Oficial.
À reportagem do ‘O Globo’, contudo, dois moradores de Nerópolis apontaram um endereço onde Ana Luiza morava. Segundo eles, ela alugava um quarto de uma casa de alvenaria localizada numa vila de baixa renda da cidade há cinco meses. Há três meses ela se mudou. Jornal da Chapada com informações de texto base de O Globo.