A deputada estadual Isa Penna (PCdoB), candidata à Câmara dos Deputados por São Paulo, participava de uma caminhada e panfletagem em Botucatu, no interior paulista, neste sábado (24), quando foi assediada e chamada de “vadia” por um homem desconhecido.
Ele teria se aproximado dela, pegado em sua cintura, tirado uma foto e dito: “Você é uma vadia, você é doida, aquilo com o Cury nunca aconteceu”, em referência a um episódio em que a parlamentar foi apalpada pelo deputado Fernando Cury (sem partido) durante sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) no ano passado.
“Ele falou baixinho e saiu. Fiquei meio em choque, mas fui atrás dele e disse: ‘Repete, agora que tem um monte de gente em volta’”, narra a deputada. “Mas ele não repetiu”. A parlamentar vai registrar Boletim de Ocorrência. O assédio marca mais um episódio de violência política contra Isa Penna nas eleições deste ano.
Ainda neste mês, ela recebeu uma ameaça de morte por email. No texto, o agressor “exige” que o mandato do deputado estadual paulista Douglas Garcia [Republicanos] não seja cassado e que, em vez disso, Isa Penna renuncie, caso contrário ele irá “invadir a Assembleia Legislativa e fazer um massacre”.
Após ataques que o bolsonarista Garcia fez à jornalista Vera Magalhães, ao fim do debate entre candidatos ao Governo de São Paulo, parlamentares entraram com representações no conselho de ética da Alesp pedindo a cassação do mandato do deputado.
Diferentemente de outras ameaças já recebidas pela deputada, que eram anônimas, nesta o email é assinado por Emerson Eduardo Rodrigues Setim, homem que foi preso em 2012 pela Polícia Federal por manter um site com publicações contra negros, judeus, mulheres, homossexuais e nordestinos. Em 2019, o nome dele também esteve envolvido em ameaças de morte contra o então deputado Jean Wylls.
No texto do email, o agressor chama Isa Penna de “aberração”, “cara de bolacha Trakinas”, “sapatona nojenta” e “puta”. Diz ainda que ela ganha uma fortuna, enquanto ele está desempregado, vivendo de Auxílio Brasil e com a mulher diagnosticada com câncer de mama. A eleição deste ano será a primeira com uma lei sobre violência política de gênero em vigor.
Aprovada no ano passado, a lei 14.192 estabelece que é crime assediar, constranger, humilhar, perseguir ou ameaçar uma candidata, com menosprezo ou discriminação à condição de mulher ou ainda à sua cor, raça ou etnia. A lei também vale para mulheres que já ocupam cargos eletivos.
A punição é de até quatro anos de prisão e multa. Se a violência ocorrer pela internet e em redes sociais, a pena pode chegar a seis anos. O movimento para endurecer as regras contra agressores foi capitaneado pela bancada feminina no Congresso, que viu escalar os episódios de ataques na política nos últimos anos. A redação é de Mônica Bergamo, da Folhapress.