Faltando três dias para as eleições e prevendo uma possível derrota em primeiro turno, a campanha de Jair Bolsonaro promete começar a repercutir um documento do PL, partido do presidente, que detalha a estratégia e a argumentação para contestação dos resultados eleitorais. O documento intitulado ‘Resultados da Auditoria de Conformidade do PL no TSE’ seria visto como um ‘plano B’ pela campanha bolsonarista em caso de derrota no próximo domingo.
O documento alerta para perigos relativos à segurança da informação vividos inclusive por “grandes organizações com alto investimento que frequentemente têm sido alvos de sequestro dos seus sistemas por organizações criminosas”. Na sequência chama a atenção pela demora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em implantar supostas medidas de segurança apontadas pela legenda e que seriam necessárias para fortalecer a segurança ao sistema eleitoral eletrônico. Tal atraso poderia gerar invasões internas ou externas às urnas.
“Somente um grupo restrito de servidores e colaboradores do TSE controla todo o código fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais. Sem qualquer controle externo, isto cria, nas mãos de alguns técnicos, poder absoluto para manipular resultados”, diz o documento, levando a possibilidade que a eleição de domingo pode ser manipulada por gente de dentro do TSE.
Outro risco, de acordo com o documento, é a “cadeia de fornecedores de serviços de tecnologia do TSE”, que seria composta por ‘terceiros’ em dois terços dos seus quadros. Por conta de uma “precária gestão” desses fornecedores terceiros, haveria um “risco substancial” de vazamento de informações ou invasões de hackers. De acordo com o documento do PL, até os boletins de urna podem ser falsificados no próximo domingo. “Sem uma assinatura eletrônica com certificado digital da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileiras (ICP-Brasil), os documentos gerados pela urna eletrônica não têm garantia da presunção legal de que seu conteúdo é legítimo”, diz o documento.
Para Guilherme Boulos, candidato a deputado federal pelo PSOL-SP e liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o documento do PL abre caminho para um possível golpe. “Partido de Bolsonaro já prepara documento golpista contra o resultado eleitoral. Eles sabem que vão perder e querem caos. Precisamos liquidar a fatura no 1º turno contra os milicianos que sequestraram o país”, escreveu.
Emitido no último dia 19 de setembro, a campanha de Bolsonaro considera que o documento possa dar um verniz técnico para o não reconhecimento de uma derrota eleitoral. A sigla apontou 24 supostas falhas no sistema eleitoral e diz que graças a sua auditoria foi possível ao TSE tomar medidas de prevenção a erros, fraudes e ataques, mesmo estando atrasadas. O PL ainda afirma que optou pela divulgação do documento após ter pedidos de reunião não atendidos pelo Tribunal. Redação da Revista Fórum com informações da Veja.