O diário britânico The Guardian publicou neste domingo (9), reportagem sobre a repercussão na campanha eleitoral brasileira de entrevista do presidente Jair Bolsonaro (PL) em que ele revela que só não comeu carne humana de um indígena porque ninguém quis ir junto com ele.
O texto afirma que a entrevista concedida pelo presidente ao jornal americano The New York Times, em 2016, tem sido usada pela campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como “mais uma prova e depravação de Bolsonaro”.
O The Guardian diz ainda que a declaração é chocante “mesmo para um político que glorificou torturadores e pediu que os rivais fossem fuzilados”.
O veículo diz ainda que líderes bolsonaristas, como o ministro das Comunicações, Fábio Faria, afirmaram que a declaração foi tirada do contexto. “Uma análise da entrevista completa de 76 minutos com o jornalista do New York Times, Simon Romero, deixa poucas dúvidas sobre a natureza das declarações de Bolsonaro”, diz o periódico.
Declarações delirantes
O diário informa também que líderes indígenas rejeitaram a declaração de Bolsonaro como mais uma mentira do presidente, afirmando que eles nunca se envolveram em tais atos.
Líderes Yanomami e antropólogos denunciaram as alegações ‘delirantes’ e preconceituosas de Bolsonaro. ‘Meu povo não é canibal… Isso não existe nem nunca existiu, nem mesmo entre nossos ancestrais’, disse o ativista Yanomami Júnior Yanomami à Folha de São Paulo.
“Bolsonaro é um mentiroso compulsivo”, tuitou Sônia Guajajara, uma liderança indígena que acaba de ser eleita para o Congresso.
Viralizou
O The Guardian diz ainda que um juiz eleitoral ordenou a retirada do anúncio, que poderia prejudicar a reputação de Bolsonaro e afetar “a integridade do processo eleitoral”. O juiz argumentou que as falas de Bolsonaro “referiam-se a uma experiência específica em uma comunidade indígena, vivida de acordo com os valores e a moralidade existentes nesta sociedade”.
Tom Phillips, o correspondente do The Guardian no Rio de Janeiro, encerra seu texto afirmando que a proibição do juiz pareceu “fechar a porta do estábulo depois que o cavalo fugiu”. Ele lembra que as redes sociais ficaram “inundadas com menções ao ‘Canibal Bolsonaro’ e memes comparando o presidente a Hannibal Lecter e o serial killer Jeffrey Dahmer”. Com informações da Revista Fórum.
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