O jornalista André Trigueiro, famoso por seu trabalho na Globo e pela preocupação com os rumos do meio ambiente, em especial a Amazônia, publicou um vídeo no seu Twitter nesta quarta-feira (26) em que um caminhão com um enorme adesivo do presidente Jair Bolsonaro (PL) empunhando um fuzil é flagrado retirando madeira do Parque Nacional do Jamanxim, no sul do Pará.
Ainda que a publicação não nos apresente a data exata da extração ilegal, sabemos que o Parque Nacional do Jamanxim se trata de uma das maiores áreas de conservação ambiental, e das mais importantes para a conservação da região sul do bioma amazônico. O interesse na região não é apenas dos madeireiros, garimpeiros ou outros grupos oriundos de atividades extrativas, mas é, também, alvo de mega projetos de infra estrutura, como a ferrovia EF-170, apelidada como Ferrogrão.
A Ferrogrão pretende ligar a produção agropecuária do norte do Mato Grosso, sobretudo do polo agroextrativista de Sinop-MT, ao porto de Miritituba, no norte do Pará, de onde a produção poderia escoar por via aquática aos mercados internos. Um dos principais entraves para a “maior ferrovia da história do Brasil”, que cortaria a Amazônia de norte a sul ao longo de 933 quilômetros, é justamente o tamanho dos impactos ambientais e sociais que poderão ser vistos ao longo do trecho. E bem, ao longo do trecho está o Parque Nacional do Jamanxim, onde pudemos ver que madeireiros apoiadores de Bolsonaro extraem madeira ilegalmente.
O apoio deste setor ao atual presidente não é obra do acaso. De acordo com apuração do portal Info Amazônia, o governo vem cortando recursos desde 2019 dos principais órgãos que fiscalizam e servem para proteger a floresta. De acordo com levantamento do site, 2014 foi o ano em que mais recursos foram destinados a Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) em toda a história, atingindo a cifra de R$ 13,3 bilhões, enquanto 2021 foi o ano com menos investimento; R$ 3,7 bilhões.
Assista:
Flagrante de madeira apreendida no Parque Nacional do Jamanxim (PA). Desmatamento segue em alta na região. pic.twitter.com/R4ZNZOIxfp
— André Trigueiro (@andretrig) October 26, 2022
Só o orçamento do Ibama teve uma queda de 28% desde 2008. Mas ainda de acordo com o levantamento, não é apenas o orçamento que caiu, sua aplicação também diminuiu e, no ano passado, apenas 41% do orçamento destinado a fiscalização ambiental chegou a ser executado. Já no caso do ICMBio, responsável por cerca de 300 unidades de conservação, o ano de 2020 foi o que teve mais desinvestimento, com o orçamento estipulado em R$ 185 milhões, menos da metade do que era disponível em 2010, no último ano de Lula (PT) à frente do Palácio do Planalto.
O Inpe, responsável por mapear, organizar e divulgar os dados de desmatamento e queimadas teve nos três primeiros anos de Bolsonaro, com Ricardo Salles a frente do Ministério do Meio Ambiente, os menores valores em toda sua história. Foram destinados a este importante órgão cerca de R$ 1 milhão por ano, o que não chega a 20% do orçamento de 2013 e 2014. Para mais informações a respeito do levantamento, clique aqui. Redação da Revista Fórum com informações do Info Amazônia e Correio da Cidadania.