Edson Arantes Nascimento, o Pelé, o maior jogador de futebol do mundo, morreu nesta quinta-feira (29) aos 82 anos, em São Paulo.
Ele estava internado desde o dia 28 de novembro no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo para reavaliação da quimioterapia contra o tumor de cólon e o tratamento de uma infecção respiratória.
Em boletim médico no dia 22 deste mês, os médicos alertaram para a progressão do câncer e afirmaram que o paciente estava necessitando de maiores cuidados referentes às disfunções renal e cardíaca.
Na quarta (28), os dois filhos de Sandra Regina Arantes do Nascimento Felinto, se juntaram à família e visitaram o avô no hospital e disseram que essa aproximação era o que Sandra “mais sonhava”. A imagem de Octávio e Gabriel foi postada pela tia Kely Nascimento no Instagram. Na foto, onde também aparece outra filha do atleta, Flávia Arantes, Kely escreveu sobre a importância de todos estarem juntos.
“Esses momentos são difíceis de explicar. As vezes muita tristeza é desespero, outros momentos rimos e falamos de memórias divertidas. E o que mais aprendemos com tudo isso é que temos que buscar um ao outro, e segurar bem pertinho. Só assim que tudo vale a pena. Com todos juntos.”
Uma semana antes, no dia 21, Kely publicou um post no qual disse que o Natal da família seria celebrado ao lado do pai, no hospital.
“Família do insta, o nosso Natal em casa foi suspenso. Nós decidimos com os médicos que, por várias razões, será melhor a gente ficar por aqui mesmo, com todo esse cuidado que esta nova família Einstein nos dá”, escreveu ela.
Pelé foi diagnosticado com câncer em setembro de 2021. Em fevereiro deste ano, ex-jogador se internou no Albert Einstein para dar continuidade à quimioterapia.
Carta sobre sonho
Em 17 de dezembro, o Rei do Futebol postou em seu Instagram uma carta aberta onde falava sobre sonhos, amor e a eliminação da seleção brasileira na Copa do Mundo. A postagem teve milhares de curtidas de fãs do Brasil e do mundo.
“A vida é oportunidade. O que fazemos com ela cabe a cada um de nós. Acertamos e erramos. Na vitória, recebemos a celebração. Na derrota, o aprendizado. A vida sempre é generosa e oferece novos recomeços. A cada dia que passa, iniciamos um novo caminho. E neste ciclo, alimentamos sonhos que nunca morrem, independente dos tropeços da jornada.
Isso serve para todo mundo, mas quando o seu sonho é ser jogador de futebol, as oportunidades são muito mais raras e os sonhos muito mais longínquos. Já os tropeços não são mais doloridos que o da vida de ninguém. Porém, são julgados por muito mais pessoas, não acha? E, para ser justo, as vitórias são muito mais celebradas também.
Apesar da dor que estamos sentindo com a nossa eliminação na Copa do Mundo, eu peço aos brasileiros que se lembrem do que nos trouxe até as cinco primeiras estrelas que temos no peito. É o amor que nos move.
Eu não sei o que nos faz sermos tão loucos por futebol. Se é o amor pela união de amizades verdadeiras em torno do esporte, pelo grito do gol ou por esquecer de todos os problemas que enfrentamos, mesmo que seja por apenas 90 minutos. Talvez o amor pelo combate à pobreza, à fome e às drogas, que o futebol assume em tantas comunidades que formam um país tão imenso. São muitas as virtudes do esporte mais bonito. Ainda mais aqui no Brasil.
Não importa o motivo. O que importa é que essa torcida nos uniu, em um momento que precisávamos tanto de união. E meu sonho é que este sentimento entre nós e pelo nosso país não seja apenas passageiro. Este objetivo pode parecer impossível. Porém, quando eu era garoto, eu tive outro sonho que também parecia: vencer a Copa do Mundo para o meu pai.
Falando em sonhos, não pensem que os sonhos dos nossos atletas acabaram. Eu sei que eles ainda sonham com a sexta estrela, assim como eu sonhava quando era um menino. A nossa conquista foi apenas adiada.
Aos meus amigos atletas e comissão técnica da Seleção, eu deixo a minha admiração, solidariedade e amor. A todos os brasileiros, eu desejo que a união e o amor que nos une no esporte transcenda para a vida inteira. O sonho é de todos nós. Amor, amor e amor.”
Biografia
– De menino de Três Corações (MG) a maior jogador do mundo: a trajetória de Pelé
Eterno rei do futebol, ele ganhou projeção no Santos e se consagrou na seleção brasileira. Foi o único atleta na história a ganhar três Copas como jogador.
Edson Arantes do Nascimento nasceu no dia 23 de outubro de 1940 em Três Corações, no sul de Minas Gerais, em uma família humilde, filho de Celeste e de João Ramos do Nascimento, jogador de futebol conhecido como Donadinho.
Desde criança, já com o apelido de Pelé, ele queria seguir os passos do pai no esporte. Sua família se mudou para Bauru, no interior de São Paulo, e lá ele começou a carreira no futebol amador de campo e de salão.
Aos 15 anos, Pelé foi levado para fazer um teste no Santos. Foi contratado pelo clube em 1956 e já começou a se destacar na equipe. No ano seguinte, foi convocado para a seleção brasileira, que se preparava para a Copa de 58.
Aos 17 anos, ele foi para a Copa na Suécia e, mesmo sendo reserva nos dois primeiros jogos, marcou seis gols e ajudou o Brasil a ser campeão pela primeira vez. No ano seguinte, foi artilheiro do Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1959.
Na Copa de 1962 no Chile, consagrado no Santos, ele fez uma boa partida contra o México na estreia, mas sofreu uma distensão muscular contra a Tchecoslováquia e não jogou o resto do torneio. Em 1966, também sofreu lesões nos jogos contra a Bulgária e Portugal.
Em 1970, já chamado de o “rei do futebol”, Pelé viveu o auge da sua carreira na Copa do México aos 29 anos. Em seis jogos, ele fez quatro gols, seis assistências, encantou o mundo e ajudou o Brasil a levar o tricampeonato.
Com a taça, se tornou o único atleta na história a ganhar três Copas como jogador.
No Santos
Quando chegou ao Santos, o time era o bicampeão paulista, em uma época em que os estaduais eram os mais importantes do calendário.
Mesmo assim, levou apenas um mês para estrear na equipe principal. Em um amistoso contra o Corinthians de Santo André, entrou no segundo tempo e marcou o sexto gol da vitória por 7 a 1 – seu primeiro com a camisa santista.
Ao longo de sua carreira no Santos, ganhou 23 títulos com o time, e se sagrou artilheiro em grande parte deles. Nesses 18 anos, marcou 1.088 gols em 1114 partidas, com uma média de 0,97 por jogo.
Os grandes destaques, além dos estaduais, ficam com as conquistas das Libertadores e dos Mundiais Interclubes de 1962 e 1963.
Em de outubro de 1974, Pelé fez sua última partida em solo brasileiro. Com a camisa alvinegra santista, participou da vitória sobre a Ponte Preta por 2 a 0.
No ano seguinte, estreava pelo Cosmos, de Nova York. Apesar de estar longe de sua melhor forma física, ajudou a popularizar o esporte nos Estados Unidos.
Lá se aposentaria em uma partida que envolvia os dois clubes pelo qual jogou em frente a um público de cerca de 60 mil pessoas. Em 1977, vestiu a camisa do Cosmos no primeiro tempo e marcou um gol. No segundo tempo, defendeu o Santos.
Sua despedida da seleção brasileira veio apenas em 1990. Aos 50 anos, Pelé jogou um amistoso na Itália contra um combinado de jogadores estrangeiros.
Ao fim de sua carreira, ele registrava a marca de 1.365 jogos, com 1.283 gols. Pelé então se tornou um embaixador mundial do esporte. O ex-jogador foi ministro do Esporte entre 1995 e 1998, após aceitar convite do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Estrela nos gramados, Pelé também brilhou em diversas campanhas publicitárias e participou de filmes e de gravações musicais. Com informações do g1.