A imprensa local, que esperava apedrejar uma mulher pobre, foi surpreendida com as imagens que flagraram um homem, aluno de medicina, descartando o bebê no lixo. Mãe também é estudante de medicina. Em depoimento, eles disseram que pertencem a ‘famílias tradicionais conservadoras’ e que temiam a reação dos familiares quando descobrissem a gravidez. Bebê foi encontrado por catador de materiais recicláveis: “Parecia que tinha acabado de nascer”
Muito se especulou sobre os responsáveis pelo caso, até que imagens de câmeras de segurança de um condomínio revelaram o que aconteceu. O vídeo mostra o momento em que um rapaz descarta na lixeira uma sacola plástica com uma caixa dentro. O corpo do bebê estava dentro da caixa.
De acordo com a polícia, quem aparece nas imagens é o estudante de medicina Eldyr Gomes, de 21 anos. A mãe da criança, segundo o portal Polêmica Paraíba, seria a também estudante de medicina Suelen Laise, de 22 anos. A mulher é natural de Cajazeiras. O jovem é de Serra Talhada. Os dois cursam o 7º período do curso de medicina em uma faculdade particular da capital.
Em depoimento na delegacia, a mãe de 22 anos justificou que só descobriu a gravidez no início de março, porque não apresentava sinais típicos. Ela afirmou ainda que as duas famílias não poderiam saber da gestação pois temia a reação dos familiares.
Segundo a delegada Luiza Correia, os estudantes de medicina alegaram que ocorreu um aborto espontâneo. “Os jovens disseram em depoimento que pertencem a famílias tradicionais conservadoras do interior da Paraíba e Pernambuco e ficaram com medo da descoberta da gravidez. Falaram que foi um momento de desespero. A jovem vai passar por exames para coleta de material genético”.
Uma perícia realizada pelo Instituto de Polícia Cientifica (IPC) confirmou que o corpo não tinha lesões externas. No entanto, outros exames específicos, como na placenta e também no pulmão do bebê, serão feitos para descobrir se a criança nasceu morta ou não.
“Feto ou criança, essa nomenclatura e se nasceu com vida ou se foi um aborto, a gente depende realmente dessa perícia técnica que está sendo produzida no IPC para nos dizer isso: se respirou ao nascer, se já nasceu sem vida, o peso, as medidas, a idade gestacional, se a mãe tomou algum medicamento que induziu, para que a gente primeiro tipifique se pode se tratar de um aborto, ou de um homicídio ou de um infanticídio”, acrescentou a delegada.
O catador de recicláveis que encontrou o bebê disse que, inicialmente, achou que se tratava de um frango, mas depois de olhar bem, viu que era um neném. “Estava sujo e parecia que tinha acabado de nascer”, relatou.
Os estudantes de medicina foram presos, mas liberados em seguida porque não houve situação de flagrante. O caso repercutiu nas redes. “Ricos, estudantes de medicina de uma faculdade particular das mais caras do estado, vocês queriam que eles ficassem presos?”, questionou um usuário.
“Fosse um pobre periférico e preto: cadeia, foto em todo canto, condenação, esculacho”, observou outro. “É impressão minha ou a delegada está tergiversando para passar pano para o casal?”, perguntou um terceiro.
“A imprensa paraibana passou o dia especulando sobre o caso, sedenta para apedrejar a mulher pobre que teria cometido tamanha atrocidade. Aí descobrem que o casal é estudante de medicina e residem e vivem em um dos bairros de mais alto padrão da grande João Pessoa. Não divulgaram nem os nomes e muito menos fotos deles. Será que o casal também é contra o aborto, ou só contra o aborto dos outros?”, publicou mais um. As informações são do Pragmatismo Político.