Em plena escalada de casos de ataques a escolas, um clube de tiro de Jataí, no interior de Goiás, teve a ‘brilhante’ ideia de divulgar em suas redes sociais um curso de tiro para crianças. As imagens mostram a turma, todos meninos menores de 18 anos e devidamente uniformizados, empunhando suas armas de airsoft.
O chamado curso do atirador mirim, promovido pelo Clube de Caça e Tiro Hunter, chamou a atenção das autoridades. O primeiro foi o Conselho Tutelar, que passou a acompanhar as publicações da empresa. Em paralelo ao Conselho Tutelar, a Polícia Civil começou a investigar o curso oferecido às crianças, antes de comunicar a ocorrência ao Ministério Público que, por sua vez, recomendou ao clube de tiro que deixe de oferecer o curso.
O clube alega que o curso foi oferecido em primeiro de abril, e só foi realizado após as inscrições das crianças autorizadas pelos pais. Além disso, também afirma que o caráter do curso é recreativo, que ensina o tiro esportivo e o manuseio da arma de pressão, e explica para as crianças que mesmo a arma não sendo real, tem regras para ser usada. A empresa diz que cumpriu com todas as exigências legais para oferecer o curso.
Ao G1, o advogado criminalista Pedro Paulo de Medeiros explicou que não é um crime oferecer um curso desta natureza para crianças. No entanto, para fazê-lo, é preciso uma autorização administrativa específica. Caso essa autorização não tenha sido dada, a empresa pode sofrer sanções administrativas e pode até perder a licença de funcionamento. O clube não informou a imprensa se possui ou não a autorização.
Medeiros ainda afirma que o uso da arma de airsoft não isenta o fato de que o curso, por si mesmo, tem como efeito colateral incentivar condutas violentas. “É uma arma de pressão por um simples motivo: porque a legislação não permite que criança pegue em arma de fogo. Caso contrário, pode ter certeza que entregariam armas de verdade”, declarou.
Outros especialistas, como Róbson Rodrigues, antropólogo da UERJ e ex-policial, também se preocupam com tais práticas. Para o ex-policial, a atual escalada de casos de violência em escolas deveria começar a promover comportamentos pacíficos entre os jovens. “Sou contra cursos como esses em virtude dos efeitos que essa cultura, ou subcultura, pode produzir. Precisamos de cultura de paz”, declarou. As informações são da Revista Fórum.