O empresário Francisco Sáenz Valiente, suspeito de feminicídio pela morte da baiana Emmily Rodrigues, que caiu do sexto andar de um prédio na Argentina, foi solto nesta quarta-feira (19). A informação foi confirmada ao g1 pelo pai da brasileira, Aristides Rodrigues. “Fui avisado por meu advogado e vamos recorrer da decisão. Não concordamos com a decisão de que não há base para manter a prisão”, disse o pai de Emmily Rodrigues.
A soltura do empresário pode ser considerada como sinal de que a versão de morte de Emmily Gomes por suicídio sob efeito de alucinógenos prevalece sobre a versão da acusação, de feminicídio para encobrir uma tentativa de abuso sexual. No início da semana, circulou a informação de que a família da brasileira teria recebido uma carta escrita pelo empresário suspeito da morte da jovem. No entanto, o pai da vítima desmentiu a informação e disse não ter recebido nenhuma carta.
“Vi a informação sobre essa carta pela Internet, a família nunca recebeu carta nenhuma. Isso só nos traz ainda mais sofrimento”, afirmou Aristides Rodrigues. No material que está sendo divulgado por sites argentinos, o suspeito diz que a morte de Emmily foi acidental e que tentou salvá-la.
Segundo Aristides, a ação teve como objetivo criar uma boa imagem do suspeito, que estava preso por suspeita de feminicídio desde 30 de março – dia em que a vítima foi encontrada morta no térreo do prédio onde o empresário vive, em Buenos Aires. Sites argentinos também afirmam que a autópsia da jovem concluiu que ela consumiu uma droga conhecida como “cocaína rosa” no dia da queda. O g1 entrou em contato com o advogado da família de Emmily, Ignacio Trimarco, que negou a informação. Segundo ele, os resultados dos exames toxicológicos e de alguns órgãos ainda não foram concluídos.
Em depoimento à polícia, o empresário disse que Emmily teve um surto psicótico e se jogou da janela. Na ocasião, ele ligou para o serviço de emergência da Argentina, deu o seu endereço e pediu que um policial fosse até o apartamento. Na ligação, é possível ouvir gritos de socorro de Emmily.
O pai da jovem não acredita na versão de suicídio defendida pelo suspeito, assim como as amigas que conviveram com ela na Argentina. Segundo o pai, no corpo da filha foram encontradas marcas de agressões que precedem a queda.
Pedidos de socorro
Ao g1, o pai da vítima também contou que pelo menos uma pessoa que estava no edifício da frente viu a baiana pedir ajuda. Segundo ele, Emmily teria acenado na janela frontal do apartamento para chamar a atenção dos vizinhos. Momentos depois, ela caiu da janela localizada nos fundos do apartamento.
“Há registro de que vizinho da frente do prédio a viu se segurando e acenando na janela da frente do prédio. Depois, apareceu um homem que a puxou para dentro do apartamento. Ele provavelmente fez isto para impedir que pessoas a vissem”, contou.
O suposto vizinho do prédio da frente não teria sido o único que teria percebido algo estranho no apartamento: pessoas que moram no edifício do empresário também pediram ajuda para à polícia. Em uma das ligações, um homem avisa ao serviço de emergência que a jovem está gritando muito e pedindo ajuda; em outra, uma mulher diz que a vítima havia caído da janela.
As investigações seguem em andamento na Argentina e, até a manhã desta quarta, o corpo da brasileira ainda não foi liberado pela polícia. O desejo da família é que Emmily seja sepultada no Brasil. As informações são do g1.