No despacho em que determinou busca e apreensão da Polícia Federal na casa de Jair Bolsonaro e outros envolvidos no esquema de falsificação de certificados de vacina nesta quarta-feira (3), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu para que os policiais apreendessem materiais que pudessem ajudar nas investigações, como o celular do ex-presidente, e ainda armas e passaporte.
“[Determino] A busca e apreensão de armas, munições, computadores, passaporte, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos aqui descritos, a ser realizada concomitantemente com diligências policiais previstas no artigo 6º do Código de Processo Penal”, escreveu o magistrado.
A PF, entretanto, não encontrou nenhuma arma na casa de Bolsonaro – mesmo sendo de conhecimento geral que o ex-mandatário possui armamento -, e nem o seu passaporte. Horas depois, a assessoria de imprensa do STF divulgou uma nota informando que, a princípio, o documento de viagem do ex-presidente não será apreendido, pois cabe à PF decidir o que é de interesse das apurações ou não.
No mesmo despacho em que autorizou a busca e apreensão, entretanto, Moraes afirmou que materiais interessantes às investigações que não fossem encontrados nos endereços alvos da operação nesta quarta-feira podem ser procurados pelos policiais “em quartos de hotéis, motéis e outras hospedagens temporárias onde os investigados tenham se instalado”.
Tal determinação abre uma brecha para que as investigações cheguem a uma fazenda de Nelson Piquet em Brasília. A propriedade gigantesca do ex-piloto de Fórmula 1 é o local onde está guardada a maior parte do “acervo” de Bolsonaro. Não à toa, nas redes sociais, internautas têm sugerido que a PF vasculhe a tal fazenda e a repercussão é tamanha que o termo “Nelson Piquet” foi para a lista de assuntos mais comentados do Twitter.
Cabe lembrar que foi na fazenda de Nelson Piquet que Bolsonaro armazenou parte dos conjuntos de joias milionárias recebidas em viagens ao Oriente Médio e que tentou se apropriar de maneira ilegal. O caso também é alvo de inquérito no STF e investigação da PF.
Caso do cartão de vacinação pode se relacionar com o das joias
Para a PF, a ideia fixa e obstinada de Bolsonaro de reunir ilegalmente joias e relógios que valem dezenas de milhões, pouco antes de “fugir” para os Estados Unidos, assim como a confecção de última hora de certificados de vacinação falsos, aliado ao fato de que foram encontrados milhões de dólares em espécie na casa de Mauro Cid, ajudante de ordens mais próximo do ex-presidente, apontariam para um suposto plano de fuga do ex-mandatário à fim de escapar de uma eventual ordem de prisão de última hora.
As joias seriam a “aposentadoria”, caso caísse em desgraça completa e não conseguisse ter acesso a seus pagamentos regulares do Brasil no exterior, os cartões de vacinação evitariam qualquer problema burocrático e/ou sanitário, já que o extremista e sua filha menor de idade não se vacinaram, e os altos valores em espécie seriam usados para colocar em marcha uma fuga. É nesse sentido que os policiais federais estão conduzindo o raciocínio investigativo. As informações são da Revista Fórum.