O vereador Fernando Holiday, ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL), se filou ao Partido Liberal (PL) em um evento na Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira (25) com a presença de Jair Bolsonaro, a quem já se referiu no passado como “jumento” e “corrupto”.
A filiação de Holiday ao partido foi articulada pelo presidente da sigla, Valdemar Costa Neto. Ao discursar, apesar das críticas do passado, entretanto, o vereador pediu desculpas e se definiu como “meio viado”, na tentativa de agradar Bolsonaro e tirar do ex-presidente a pecha de homofóbico.
“Quem diria, presidente Bolsonaro: a imprensa que sempre disse que o senhor é racista e homofóbico, está filiando um negro meio viado”, declarou o vereador. Bolsonaro, por sua vez, retribuiu com uma declaração de tom homofóbico: dizendo que daria em Holiday um “abraço hétero”.
Veja a cena vexatória
🇧🇷 No dia de sua filiação ao PL, Fernando Holiday agradece a presença de autoridades no evento de um “negro meio viado” e Bolsonaro responde: “um abraço hétero”.pic.twitter.com/lXvnDTRGtu
— Eixo Político (@eixopolitico) July 25, 2023
Ataques a Lula e “ponta da praia”
No mesmo evento do PL, Jair Bolsonaro demonstrou estar desesperado com sua inelegibilidade, decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (STF), e sinalizou certa apreensão ao apelar para o radicalismo, falar palavrões, atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Justiça brasileira.
Em um discurso longo e com tom exaltado, o ex-presidente xingou Lula de “jumento”, disse querer voltar à presidência da República e reclamou de sua condenação na Justiça eleitoral. “A quem interessa… Leva-se em conta os países europeus, os países do norte, interessa eu ou um entreguista na Presidência da República? Um analfabeto. Um jumento, por que não dizer assim?”, declarou, arrancando gritos de “mito” da plateia composta por filiados ao PL e outros aliados radicais.
Segundo Bolsonaro, o TSE o condenou à inelegibilidade pelo fato de ele querer se presidente por mais um mandato, e não por abuso de poder ao convocar uma reunião com embaixadores estrangeiros para atacar o sistema eleitoral brasileiro. “Triste um país que pune um político não pelos seus defeitos ou erros, mas por suas virtudes. Eu fui punido no TSE por virtude. Vontade de ser presidente novamente, não é verdade? Eu queria ir para a praia, mas entendo que é uma missão”, afirmou.
Em outro momento de sua fala, Bolsonaro saiu em defesa dos golpistas que participaram dos atos antidemocráticos em 8 de janeiro e ainda usou a expressão “ponta da praia” para se referir àqueles que defendem o Estado Democrático de Direito.
“Ponta da praia” é um termo usado por militares para se referir à Restinga da Marambaia, no Rio de Janeiro, local que ficou conhecido por ser onde se praticavam tortura, execução e desova de corpos de presos políticos na ditadura miliar. “Qualquer um pode ser preso hoje em dia por nada. […] Qual é a acusação? Ofendeu o Estado democrático de Direito. Ah vá pra ponta da praia! Tudo é Estado democrático de Direito”, disparou. As informações são da Revista Fórum.