A espiritualidade é reconhecida em seu conceito multidimensional de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde o fim do século passado. Centros de oncologia de referência em todo mundo têm adotado a medicina integrativa, que considera corpo, mente e espírito, na abordagem do paciente, contribuindo para seu bem-estar, qualidade de vida e para que ele esteja mais seguro e confiante para o enfrentamento da doença.
Em Salvador, o NOB Oncoclínicas promove encontros ecumênicos on-line voltados ao acolhimento dos pacientes sempre com participação de representantes de diferentes religiões. Os encontros começaram no início da pandemia de Covid-19, em 2020, momento de grande fragilidade mundial. A adesão e o retorno dos pacientes foram tão positivos que o projeto continua até hoje e é aberto a todos.
Para celebrar a 100ª edição do Encontro Ecumênico, o NOB Oncoclínicas realizará no dia 11 de agosto, pela primeira vez, uma edição presencial do evento com o tema “De onde vem a fé?. O encontro vai acontecer, no Auditório Marie Curie, na unidade do NOB em Ondina, das 8 às 10 horas, com transmissão simultânea on-line através do link.
Na ocasião, o Instituto Oncoclínicas irá lançar o livro Encontros Ecumênicos – Amor e gratidão na arte de compartilhar, organizado pela oncologista Clarissa Mathias, idealizadora dos encontros, e editado pela Editora DOC. Com tiragem inicial de mil exemplares, o livro tem prefácio assinado pelo oncologista Bruno Ferrari, fundador e CEO do Grupo Oncoclínicas, e posfácio por Carlos Gil Ferreira, oncologista e presidente do Instituto Oncoclínicas. A obra é ilustrada por desenhos de crianças em tratamento oncológico na Unidade de Onco-Hematologia Pediátrica Erik Loeff, que integra o Hospital Santa Izabel (HSI).
“O livro é um resumo de alguns dos principais temas centrais que foram abordados durante as cem edições do Encontro”, explica a médica Clarissa Mathias, que integra o Grupo Oncoclínicas e é referência em medicina humanizada. “São pouco mais de 160 páginas nas quais compartilhamos ‘pílulas de luz’, com temas como cooperação, gentileza, gratidão, paz, amor, alegria, tolerância, respeito, perdão, oração”, conta.
“Os encontros, que no início aconteciam semanalmente e agora são quinzenais, são uma forma de conforto espiritual e funcionam também como uma rede de apoio emocional para os pacientes oncológicos”, ressalta Clarissa.
Espiritualidade e saúde
Diversos estudos têm revelado os benefícios da espiritualidade para a saúde física e mental, assim como seus impactos positivos no enfrentamento de doenças e situações difíceis.
Um consenso elaborado por um grupo de pesquisadores da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, publicado em agosto passado, no Jornal Brasileiro de Oncologia, destaca a necessidade da inclusão da espiritualidade na complexa e delicada trajetória dos pacientes com câncer.
“Quando focamos no paciente como um todo e não unicamente na doença, estamos dando o suporte necessário para que ele se fortaleça internamente e isso faz toda a diferença para a adesão e o sucesso do tratamento”, declara Clarissa, que também é uma das autoras do consenso “Espiritualidade em Oncologia”.
Para a médica, é preciso desenvolver um olhar global para o paciente e reconhecer as suas crenças. Essa é uma forma de aumentar a conexão com a equipe médica, fortalecer seu emocional e sua resiliência, melhorar a qualidade de vida e aumentar a adesão ao tratamento. “Um dos desafios é inserir a questão da espiritualidade no meio acadêmico e na formação do profissional de saúde”, destaca.
De acordo com a conclusão do estudo, a espiritualidade pode promover uma melhor compreensão da finitude, apoiar o enfrentamento da realidade, o exercício da autonomia e a qualidade de vida. Segundo Clarissa Mathias, o Consenso também reforçou o papel do cuidado médico humanizado e da espiritualidade no cenário em que a Inteligência Artificial e os equipamentos de última geração têm, cada vez, mais desempenhado tarefas que antes eram realizadas por profissionais de saúde.
“O exercício da espiritualidade traz conforto, entendimento, e desperta sobre o significado do momento que se está vivendo, inclusive da própria doença”, finaliza. As informações são de assessoria.