O escritor baiano Cyro de Mattos, membro da Academia de Letras da Bahia (ALB) professor, e advogado, recebeu, nesta quinta-feira (10), a Comenda 2 de Julho. Esta foi a primeira vez que o deputado de segundo mandato Marcelinho Veiga (UB) propôs a honraria. “Esse é um dia tão importante para o senhor quanto pra mim”, disse o parlamentar, afirmando que tem imenso respeito pela mais alta condecoração da Assembleia Legislativa que traz o registro das lutas pela independência do Estado.
Marcelinho confessou que não conhecia o autor de 65 livros publicados no Brasil e 16 no exterior antes de ser apresentado por Joaci Góes, um amigo em comum e também membro da ALB. Foi a partir daí que passou a pesquisar e estudar o nome para encontrar a pessoa com o mérito para receber a comenda.
“Desde antes de ser deputado, frequentava a Assembleia e ficava imaginando, se deputado, a quem poderia prestigiar com a honraria”, considerando que tinha que ser a melhor escolha. Em seu discurso de saudação, ele lembrou a própria relação com a ALB pelo seu avô, Cláudio Veiga, ter sido presidente por 26 anos da instituição. Cláudio, Joaci e Cyro, além de dividirem o gosto pelas letras, têm em comum o fato de ter sido contemporâneos e amigos nos tempos de Colégio da Bahia, atual Colégio Central.
Ao abrir a sessão especial, Marcelinho formou a mesa com Joaci, o professor Marcus Vinícius Rodrigues, vice-presidente da ALB; Margarida Fael, representante da Academia Letras de Itabuna; Jabes Ribeiro, representante da Academia de Letras de Ilhéus (da qual Cyro também é membro); e Cristiano Lima, coordenador da Biblioteca Virtual da Fundação Pedro Calmon, representando o secretário de Cultura do Estado, Bruno Monteiro.
Testemunho
Os trabalhos foram marcados por duas quebras de protocolo antes da medalha e do diploma serem entregues: Josefina, filha de Cyro, e Joaci tiveram oportunidade de dar seu testemunho sobre o homenageado. “Eu honro e celebro sua caminhada, sua vida, seu exemplo”, disse a filha, que contou sua experiência de ter uma infância em meio a uma vasta biblioteca e várias máquinas de escrever e seus ruídos característicos. Ela disse que o pai sempre teve como característica “nunca desistir de nossos sonhos, nunca deixar de lutar, nunca recuar”. Aos 84 anos, Cyro está trabalhando em um romance.
Joaci ressaltou o profundo conhecimento que tem do homenageado. “Eu conheço Cyro há mais tempo do que você tem de vida”, disse, dirigindo-se a Marcelinho. Ele fez uma análise da obra literária do amigo, classificando-a completa. E lembrou que Machado de Assis, considerado o maior escritor do país, escreveu diversos gêneros, mas não tem um livro infantil, uma vez que não se escreviam naquela época obras destinadas a crianças.
A deputada Fabíola Mansur (PSB) atravessou a cidade para prestigiar o evento e seu gesto foi registrado por Marcelinho Veiga. Posteriormente à sessão, ela fez questão de cumprimentar o homenageado, quando louvou a contribuição dada à literatura brasileira, bem como a extensa produção cultural nos seus mais de 60 anos como escritor. Ela falou da obra publicada no exterior e elogiou pelo prêmio recebido no início do ano, em Cuba (prêmio Casa de las Américas 2023), pelo livro Infância com Bicho e Pesadelo e Outras Histórias – editado pelo programa ALBA Cultural, da Assembleia Legislativa.
Por apresentar dificuldades de locomoção, Cyro preferiu fazer o discurso de agradecimento na própria mesa. Ele iniciou suas palavras agradecendo a Deus por ter lhe dado a vida e por ter lhe concedido sua esposa Mariza (que se encontrava em plenário) – agradeceu a ela pela tolerância e amor durante 55 anos de união física e afetiva. Também citou os filhos André, Luís, Adriano e Josefina e cada um dos netos. “Agradeço ao amigo de longa data Joaci Góes, companheiro de jornadas de juventude e ao longo dos anos atravessamos trilhas e caminhos da mata cultural”.
O homenageado deu uma verdadeira aula sobre os fatos e personagens do 2 de julho. O agradecimento especial ao deputado Marcelinho Veiga pela iniciativa e “suas palavras cativantes que me dão certeza de que viver vale à pena quando a alma não é pequena, conforme nos lembra Fernando Pessoa”. Jornal da Chapada com informações da Alba.