Vem da Índia a nova ameaça à saúde global. Ela atende pelo nome de Nipah. Trata-se de um vírus transmitido de animais para humanos. A infecção se dá pelo contato com alimentos contaminados e de humano para humano. Morcegos que comem frutas são os principais reservatórios do vírus, mas a doença também pode ser transmitida por outros animais contaminados.
Os sintomas incluem grave encefalite (inflamação no cérebro), o sistema nervoso central pode ser afetado, alterando o nível de consciência, convulsão, febre, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Além disso, quadros de pneumonia podem surgir.
O período de incubação vai de 4 a 14 dias. No entanto, um período de até 45 dias já foi relatado. Existe dificuldades para diagnosticar. Os sinais iniciais são inespecíficos e a qualidade, quantidade, tipo, tempo de coleta de amostra clínica e o tempo necessário para transferir as amostras para o laboratório podem afetar a precisão dos resultados laboratoriais. Um diagnóstico mais seguro só seria possível com história clínica na fase aguda e de convalescença da doença.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima uma taxa de letalidade associada ao Nipah entre 40 e 75%. A variação decorre do tamanho do surto e das capacidades locais de vigilância epidemiológica e gestão clínica.
A OMS classifica o Nipah como uma doença prioritária por causa do seu potencial epidêmico e por não ter tratamentos conhecidos, incluindo vacinas. A orientação é cuidar dos sintomas e evitar contato com animais, alimentos e pessoas infectados; higienizar as mãos após entrar em contato com animais; uso de máscaras e luvas quando em contato com uma pessoa contaminada.
O atual surto acontece no sul da Índia, no estado de Kerala, onde as autoridades decretaram, na quinta (14), o fechamento de repartições públicas, edifícios governamentais, escolas e instituições religiosas, além da suspensão do transporte público na área de risco. As medidas acontecem depois de cinco casos confirmados, incluindo duas mortes.
Este é o quarto surto de Nipah em Kerala desde 2018. O primeiro causou o óbito de 23 dos 25 casos confirmados. Os de 2019 e 2021 resultaram em duas mortes cada. A doença foi identificada pela primeira vez em 1999, na Malásia, entre criadores de suínos e outras pessoas em contato próximo com os animais.
A tese da OMS é a de que a transmissão ocorreu através da exposição desprotegida às secreções dos porcos ou do contato desprotegido com o tecido de um animal doente. A Malásia contou 300 pessoas infectadas, mais de 100 delas morreram. Cerca de 1 milhão de porcos foram sacrificados. Os surtos são apontados como esporádicos e as infecções no Sul da Ásia foram atribuídas ao consumo de alimentos contaminados com excrementos de morcegos.
Especialistas garantem ser difícil que a doença chegue ao Brasil (alívio!). A explicação: o vírus está restrito às áreas onde os casos já foram identificados: Malásia, Indonésia, Bangladesh e Índia. Contudo, o cenário pode mudar caso ocorra uma forte onda de contaminação entre humanos. Cabe aos brasileiros nos cuidarmos. A covid ainda está aí e o país passa por nova alta de casos. Na Bahia, em pleno 2023, foi registrada a média de uma morte por dia causada pelo coronavírus.
Além dos cuidados médicos, uma recomendação cada vez mais importante é a atenção ao meio ambiente. A OMS já advertiu que nas próximas década surtos, epidemias e pandemias de novas doenças serão mais frequentes por causa do crescimento populacional, devastação ambiental e mudanças climáticas, fenômenos que aproximam pessoas de animais silvestres. Especialistas da organização dizem que uma próxima pandemia pode nascer no Brasil, devido ao desmatamento da floresta amazônica.Jornal da Chapada com informações do Portal Bnews