Pai de três filhos, o porteiro Edmar Santos Costa Moreira, de 38 anos, saiu de casa para trabalhar, mas nunca mais voltou. Vídeos mostram o homem na Estação Acesso Norte, no metrô de Salvador, sendo abordado e imobilizado por agentes da CCR Metrô. A suspeita da família é de que ele morreu após ter sido asfixiado e teve uma parada respiratória devido à abordagem. A causa da morte ainda não foi confirmada.
A ocorrência foi por volta das 6h da manhã de 6 de janeiro. No entanto, os parentes só conseguiram confirmar o óbito 12 horas depois, às 18h, quando a irmã e o pai da vítima foram procurar Edmar no Instituto Médico Legal (IML) e identificaram o corpo. O enterro aconteceu no dia 7, no Cemitério 1ª Ordem Primeira de São Francisco.
Os advogados da família, Pedro Fernandes e Dielson Monteiro, afirmam que nenhum órgão entrou em contato para avisar da morte, apesar do porteiro estar com os documentos. Foi quando os chefes de Edson ligaram para a esposa dele informando que ele não chegou ao trabalho que os parentes começaram a buscá-lo em hospitais.
A irmã da vítima, que pediu para não ser identificada, lamenta a situação. “Era o meio de transporte que ele pegava pra poder trabalhar. Me fica a dor da perda e, sabendo o que aconteceu, a dor da injustiça. Poderia ser evitado, ele já estava contido, algemado, não precisava desse excesso que provocou toda situação”, diz.
“Família indignada. Ele deixa três filhos pequenos e uma companheira. É uma morte que não sabemos porque foi silenciada” Por Pedro Fernandes. Advogado da família.
Atualmente o caso está em fase de inquérito no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e aguarda o laudo médico que vai apontar a causa do óbito. Segundo Fernandes, alguns agentes da CCR já foram ouvidos, mas os depoimentos são contraditórios e sigilosos.
O advogado detalha que gravações do dia mostram Edmar possivelmente alterado e testemunhas contaram que ele entrou “em vias de fato”. Por isso a equipe abordou o homem. Fernandes abriu um protocolo nesta sexta-feira (19) na delegacia pedindo acesso às demais câmeras para ter mais dados do caso.
Veja o vídeo:
O que diz a CCR
Em nota, a CCR Metrô lamentou o caso e informa que instaurou um procedimento interno de apuração dos acontecimentos na manhã de 6 de janeiro, além de colaborar com as autoridades na investigação dos fatos, tendo cedido as imagens de suas câmeras internas.
A concessionária ainda narrou os instantes que antecederam a abordagem dos agentes. “O passageiro ingressou no terminal cambaleando e chega a cair ao chão, sendo ajudado por outras pessoas que estavam no local. Instantes depois, ele se envolve em uma briga com um vendedor ambulante dentro de um ônibus, sendo também agredido por terceiros. Ao constatar a confusão, os agentes de atendimento e segurança se dirigem ao local e contêm o passageiro, acionando, em seguida, a Polícia Militar e o SAMU”, detalha.
Os agentes que participaram do atendimento desta ocorrência foram afastados de suas funções operacionais até a conclusão das investigações.
A reportagem entrou em contato com o Serviço de Emergência para confirmar o acionamento e causa da morte, mas não recebeu retorno até a atualização desta matéria. A Polícia Civil também não se pronunciou. As informações são do site Correio.