As mulheres estão se destacando no campo ao assumirem atividades agrícolas que antes eram associadas principalmente aos homens, como colheita, plantio e operação de máquinas e caminhões. Na Chapada Diamantina, essa realidade é cada vez mais visível, com mulheres experientes assumindo cargos de liderança no campo.
Cleonice dos Santos, de 55 anos, presidente da Associação de Mulheres Rurais Quilombolas, é um exemplo notável do progresso conquistado pelas mulheres no setor agrícola. Além de ser proprietária de seu próprio pedaço de terra, ela conta com a colaboração de sua família para cultivar legumes e hortaliças no município de Seabra.
Na liderança de um grupo de mulheres com idades entre 18 e mais de 70 anos, Cleonice alcançou êxito ao desenvolver diversos projetos visando aprimorar as condições de plantio para mais de 300 famílias quilombolas na região. Através de reuniões semanais, a produtora rural transmite aos jovens conhecimentos e ensinamentos inspirados nas experiências profissionais das mulheres mais velhas.
“Nosso sonho coletivo é que a juventude veja o exemplo dos mais velhos e absorva as histórias, as tradições e as raízes do povo quilombola. Assim, nossa forma de cultivar o alimento nunca vai se perder”, ressalta Cleonice.
Transformações no setor agrícola
A participação de pessoas com mais de 55 anos também tem ganhado destaque em uma transformação significativa observada nas atividades rurais na última década, especialmente na agricultura familiar. Enquanto a presença dos jovens diminuiu no campo, a proporção de pessoas mais velhas cresceu de 17% para 23% do contingente dedicado à produção agropecuária, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com os dados mais recentes do Censo Agropecuário, realizado em 2017, o Brasil conta com 414,9 mil produtoras com idades entre 55 e 75 anos. Esse grupo corresponde a quase metade do número total de mulheres que lideram propriedades rurais. Jornal da Chapada com informações do Globo Rural.