A advogada de Erika de Souza Vieira Nunes, a sobrinha de Paulo Roberto Braga, o Tio Paulo, de 68 anos — o idoso que foi levado morto para atendimento em um banco em Bangu na última terça —, afirmou que a mulher foi agredida dentro do Presídio de Benfica.
“Erika sofreu represálias dentro da prisão. Ela me relatou que assim que ela chegou a Benfica, jogaram água e comida nela”, declarou Ana Carla de Souza Corrêa. “Pedi o seguro [isolamento], e ela está resguardada, graças a Deus”, emendou a defensora.
A advogada esteve no velório e no enterro do corpo de Tio Paulo, em uma cerimônia simples no Cemitério de Campo Grande.
A família conseguiu o sepultamento gratuito, um benefício da Prefeitura do Rio para quem alega não ter condições de arcar com os custos.
![](https://jornaldachapada.com.br/wp-content/uploads/2024/04/48552d53-3b06-47d9-bd27-3d8e0fc8d233.jpeg)
Ainda segundo Ana Carla, Erika teve “um surto de um efeito colateral” e só percebeu que o tio morreu quando o Samu chegou e atestou o óbito.
“Ela tem depressão, e acreditamos que isso aconteceu. Ela é sobrinha do Paulo, sempre conviveu com ele. Ela cuidava e ajudava no auxílio. Infelizmente, ele ficou debilitado com a última internação. Ela é cabeleireira e vivia dessa renda. Batemos na tecla de que ela precisa ser solta para cuidar da filha especial”, disse.
![](https://jornaldachapada.com.br/wp-content/uploads/2024/04/978b3e9e-1a9b-4952-bf64-4fd4dc0063d9.jpeg)
Relembre o caso
Um vídeo feito por funcionários da agência do Itaú do Calçadão de Bangu mostra o momento em que a sobrinha de Paulo Roberto, Érika de Souza Vieira Nunes, tenta liberar um empréstimo de R$ 17 mil na frente do idoso morto.
Érika está presa por tentativa de furto mediante fraude e vilipêndio de cadáver. A defesa dela alega que o idoso chegou vivo ao banco, mas a polícia afirma que ele já estava morto. Imagens de câmeras de segurança de um shopping perto do banco e da entrada da agência mostram o idoso aparentemente já desacordado.
Um motorista de aplicativo e um mototaxista dizem que o idoso estava vivo ao entrar no carro que os conduziu para o local. O laudo do IML informou que o idoso morreu entre 11h30 e 14h30 e, por isso, não era possível precisar se foi antes ou depois de chegar ao guichê. A causa da morte foi por broncoaspiração de conteúdo estomacal e falência cardíaca.
O médico do Samu que atendeu seu Paulo no banco relatou que havia livores cadavéricos na parte de trás da cabeça do idoso, que geralmente aparecem duas horas após a morte.
De acordo com a Polícia Civil, a presença dos livores cadavéricos encontrados no corpo mostra que Paulo Roberto tinha mancha de sangue na nuca, indicando que o idoso não morreu sentado. Livores são acúmulos de sangue decorrentes da interrupção da circulação que, neste caso, acumularam na nuca. Isso indica que o idoso deve ter morrido deitado.
O caso segue sob apuração. A polícia investiga se Érika tentou empréstimo em outros três bancos diferentes.
Nesta quinta-feira (18), a advogada que representa Érika entrou com um pedido de habeas corpus, na 2ª Vara Criminal de Bangu, para que ela responda em liberdade durante as investigações.
O g1 apurou que a defesa alega que Érika tem uma filha de 14 anos que depende de cuidados especiais. “A ora acusada é pessoa íntegra, idônea de bons antecedentes, não pretende se furtar à aplicação da lei penal, nem atrapalhar as investigações, já que possui residência fixa”, diz um trecho do documento.
Os advogados da mulher sustentam que “a prisão preventiva não é justa” porque Érika “sempre se pautou na honestidade e no trabalho”.
No pedido de habeas corpus, a defesa destacou ainda que “não existem mais fundamentos para a manutenção da prisão” da dona de casa, “uma vez que os indícios se baseiam apenas em um clamor público de que Érika havia levado um cadáver até o banco para tentar aplicar um golpe do empréstimo, o que não é verdade”.
O g1 teve acesso a fotos em que Paulo Roberto aparece vivo internado com pneumonia na UPA de Bangu. Na última segunda-feira (15), ele recebeu alta da unidade. As informações são do site G1.