O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) promoverá uma audiência pública no dia 14 de novembro, às 8h, na Câmara Municipal de Lençóis, com o objetivo de discutir e definir ações para a proteção do Jarê, uma manifestação cultural e religiosa exclusiva da Chapada Diamantina. O evento, além de presencial, poderá ser acompanhado de forma remota através da plataforma Microsoft Teams.
A proposta, elaborada pelo promotor de Justiça Alan Cedraz, tem como objetivo buscar soluções para os principais desafios enfrentados pelos praticantes do Jarê, a fim de garantir a preservação e continuidade dessa importante manifestação cultural e religiosa. O intuito é promover um diálogo construtivo que possibilite a implementação de medidas efetivas, permitindo que os praticantes possam seguir com a tradição sem comprometer sua autenticidade e respeitando suas especificidades culturais.
“O Jarê constitui importante manifestação cultural e religiosa, representativa das tradições e do saber popular da região, sendo elemento fundamental para a identidade cultural das comunidades que o praticam. A manifestação representa não apenas uma prática religiosa e cultural, mas também um modo de vida e uma forma de resistência cultural das comunidades que o preservam ao longo dos anos”, destacou Alan.
O MPBA aceitará as inscrições dos dez primeiros interessados que encaminharem o pedido de participação, com antecedência de até dois dias do evento, para o e-mail [email protected].
Violação religiosa
m julho deste ano, o Terreiro de Jarê Peji da Pedra Branca, situado no Parque Nacional da Chapada Diamantina (Parna), foi destruído por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A ação resultou na derrubada de dez imóveis da comunidade do Curupati, sem aviso prévio aos moradores. De acordo com a denúncia, a operação foi conduzida sem diálogo com a comunidade, sem notificações antecipadas e sem negociação com autoridades municipais, o que gerou indignação entre os envolvidos.
Na ocasião, o ICMBio reconheceu o erro cometido durante a operação, justificando que a demolição foi iniciada porque os fiscais não identificaram sinais visíveis de que o local era utilizado para fins religiosos. A explicação gerou ainda mais questionamentos, já que a prática do Jarê, manifestação cultural e religiosa da região, é de conhecimento das autoridades locais, o que intensificou a necessidade de uma maior atenção e respeito aos direitos da comunidade.
“Assim que os objetos de caráter religioso foram identificados no imóvel, a operação foi imediatamente interrompida. Para análise dos fatos, foi iniciada uma apuração interna. O Instituto Chico Mendes reconhece o erro e lamenta os danos causados pela violação do lugar religioso”, disse em nota.
Jarê
“O Jarê das Lavras Diamantinas é uma manifestação cultural e religiosa que só existe na região da Chapada, na Bahia, caracterizada pela mistura entre o culto dos deuses yorubás ou orixás com entidades das comunidades tradicionais, os caboclos. Representa, desta forma, uma expressão cultural e religiosa singular, com significativa relevância para memória coletiva da região e relevante expressão de resistência”, diz o ministério. Jornal da Chapada com informações do portal Correio.