Discurso racista intriga militantes tradicionais do movimento negro de Salvador durante a 44ª Noite da Beleza Negra, tradicional festa do bloco afro Ilê Aiyê, que elegeu a Deusa do Ébano 2025. A queixa foi geral sobre a fala da vereadora licenciada da capital baiana e atual presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella, no último sábado (15). Isso porque ela celebrou o apoio do Ministério da Cultura ao Ilê Aiyê, por meio do Plano Anual de Patrocínio. “Ficou evidente que em seu discurso que ela só estava ali por causa do dinheiro injetado no bloco. E como Vovô do Ilê é mais capitalista que inúmeros empresários a questão foi, obviamente, observada por todos”, aponta um militante que preferiu o anonimato.
“Não vou dizer meu nome porque sou conhecido, mas um bloco receber mais de R$ 3 milhões e cobrar mais de mil reais em um abadá é brincadeira!”, completa o militante. Segundo ele, é preciso olhar com mais cautela para as áreas do Curuzu e Liberdade, onde a violência só faz crescer. “É um dos lugares mais negros de Salvador, mas onde também mais morrem pretos. Cadê as oficinas e os cursos do Ilê Aiyê para formação de jovens talentos? Esse dinheiro todo dos governos federal e estadual é para o que mesmo?”, completa. A fala de Maria Marighella ressalta “o reconhecimento do poder público, garantindo que essa experiência cultural chegue a quem mais precisa”.
Ponderada, a atual secretária estadual de Assistência e Desenvolvimento Social, Fabya Reis, que também participou do evento, disse que o evento “traz toda contribuição do Ilê Ayiê ao povo negro, mas sobretudo ao povo da Bahia”. Representante negra do governo estadual, a titular “tentou encobrir a fala de Marighella” falando sobre a “história dessas mulheres de luta, potentes, que trazem toda ancestralidade, desfilando nosso senso estético”. O bloco afro elegeu Lorena Xavier como a 44ª Deusa do Ébano no último sábado com shows de Rachel Reis, Larissa Luz, Coletivo Afrobapho e a orquestra Aguidavi do Jêje. As informações são de assessoria.