A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) anunciaram uma iniciativa para promover o intercâmbio de pesquisadores africanos no Brasil. O objetivo é fortalecer a cooperação técnica com os 55 países africanos, impulsionando o desenvolvimento agrícola e a segurança alimentar.
Representantes das três instituições assinaram, na última quarta-feira (19), uma carta de intenções para fomentar essa parceria. A proposta prevê a vinda de pelo menos 30 pesquisadores para o Brasil, oriundos de instituições científicas, universidades e órgãos governamentais.
As áreas de pesquisa contempladas serão: agricultura regenerativa, voltada à preservação dos recursos naturais e sustentabilidade; segurança alimentar e nutricional, para ampliar o acesso a alimentos saudáveis; e resiliência e recuperação de áreas degradadas, essencial para a sustentabilidade dos sistemas produtivos.
A assinatura ocorreu durante o seminário “Diálogo África-Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na Agropecuária”, realizado na sede da Embrapa, em Brasília. O evento conta com a participação de representantes do governo federal, embaixadores africanos e o renomado cientista indiano Rattan Lal, vencedor do Nobel da Paz de 2007 e do Prêmio Mundial de Alimentação de 2020.
O encontro também prepara o terreno para a reunião de ministros da Agricultura africanos, que ocorrerá em maio, em Brasília. Segundo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o evento será uma oportunidade para demonstrar os avanços do Brasil no setor agropecuário e compartilhar conhecimentos com os países africanos.
Apesar de possuir cerca de 65% das terras aráveis não cultivadas do mundo e 10% dos recursos hídricos renováveis, a África ainda depende da importação de alimentos. O setor agrícola emprega mais de 60% da força de trabalho e responde por um terço do PIB do continente, mas a insegurança alimentar persiste.
O governo brasileiro considera essa aproximação estratégica. O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, destacou que a cooperação com a África é uma prioridade da atual gestão. Já o embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto reforçou que o Brasil adota uma abordagem horizontal, sem impor regras ou exigir contrapartidas.
A presidenta da Embrapa, Silvia Massruhá, ressaltou que os investimentos brasileiros em ciência e tecnologia permitiram a criação de um modelo de agropecuária tropical bem-sucedido, que pode ser adaptado a outras regiões do mundo.
Para Manuel Otero, diretor-geral do IICA, o intercâmbio ajudará a levar para a África tecnologias adaptadas às condições tropicais. Ele destacou que a transformação do Cerrado em uma região altamente produtiva é um exemplo do impacto positivo da pesquisa e inovação.
A parceria entre Brasil e África no setor agropecuário representa um passo importante para o desenvolvimento de soluções sustentáveis e para o fortalecimento da segurança alimentar no continente africano. As informações são do site Agência Brasil.